segunda-feira, 3 de maio de 2010

"...Antes a Oprah."


Pelas piores razões, Portugal e a Grécia andam nas bocas do mundo. Passada que foi essa final do Euro de 2004 ( e que os gregos levaram a melhor, conquistando a Taça ), arrisco-me a dizer que esta associação não podia ser mais incómoda. Espécie de sentimento de recusa ou exorcismo de uma catástrofe que ameaça bater-nos à porta. Sendo a Grécia o berço da tragédia, os seus filhos vivem (ou viveram ) sem angústia o presente, enquanto nós, os portugueses, andamos tristonhos com a perspectiva de mais uns apertos de cinto. É o fado, que é nosso, de que não nos livramos!...

Enquanto isso, o Governo persiste nas "grandes obras públicas", gizando um plano que resultou nos Estados Unidos com o New Deal. Uma diferença, uma grande diferença separa o nosso pequeno e endividado País da pujante e garantida reserva financeira dos States.
E assim pôde o Estado apoiar a banca e os sectores económicos, substituindo-se aos privados no arranque de grandes obras públicas. A grande recessão lançou as bases do Estado-Providência: uma conquista de que não podemos abrir mão. Todavia, manda a prudência travar a política keynisiana tout court, um avisado lembrete para o Governo que teima em fazer ouvidos de mercador à voz do povo...

A este propósito, a análise crítica de Ricardo Costa ( Expresso deste sábado) traça as regras de um manual para um bom primeiro-ministro. Muitas regras, a última das quais preconiza a substituição de Keynes pelo programa da Oprah. Pelos tempos mais próximos, esqueça o primeiro-ministro a leitura daquele economista e distraia-se, vendo televisão...por exemplo, a Oprah.
Por mim, resta-me acrescentar: era um favor que nos fazia!

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