segunda-feira, 24 de maio de 2010

Encontros e desencontros


Maio florido combina com alegria, paz e bem-estar. A suposta alegria escapou-se, uma vez que uma onda de nostalgia tomou conta de mim. Não sei explicar porquê, mas à lembrança assomam pessoas, rostos que não vejo há muitos anos. E ainda lugares e episódios que, de tão distantes no tempo, parecem cenas de outras vidas….

A tristeza nem sempre se apaga num reencontro. Reatam-se laços de camaradagem e de amizade, agora mais madura e sincera. Casos de excepção, porque a desilusão faz regra. As pessoas mudaram, perseguindo carreiras até alcançarem posições bem diferentes dos sonhos que juntos idealizávamos na juventude. Ao confrontar-me com estas "realidades" terei de dar razão àqueles que consideram penosos os "encontros" de antigos estudantes ou antigos funcionários de uma qualquer instituição. Depois de constatar o envelhecimento recíproco e as palavras de circunstância, o diálogo esgota-se. Trocam-se contactos, prometem-se novos encontros que, de facto, acabam por rarear...

Todavia, tristeza maior é a da "impossibilidade real" de um reencontro: um nunca mais definitivo de ver, falar e rir com um amigo. É o fim que implacavelmente a morte nos confere. Na última semana acompanhei a mãe de uma amiga que, aos 90 e muitos anos, faleceu de Alzheimer. Uma morte anunciada e que, felizmente, ocorreu antes da fase mais degradante da doença.

Mais doloroso ainda é a morte de um amigo da nossa idade, um sentimento que vivi à distância de dois anos. Aconteceu assim, porque a doença foi mais rápida que as circunstâncias da vida que, de facto, nunca ditaram o fim da amizade de muitas décadas. Dele fica a lembrança dos bons momentos, as nossas últimas conversas e a recordação de uma fotocópia de um artigo científico que elogia as muitas vantagens do riso. Guardarei essa folhinha que permanece como a memória de alguém feliz e que gostava de ver felizes os outros!

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