sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Flores para uma Mãe


Conheci-a há trinta e três anos, num dia de Outubro. Transportava as marcas da viuvez num vestido  branco e preto e na ansiedade com que preparava o novo ano lectivo do seu único  filho. Ano, após ano, o Miguel correspondia ao esforço e dedicação da Mãe. Por esse tempo não havia telemóveis, mas naquela casa  sabiam sempre um do outro.  Comunicavam através de um caderno com um lápis preso por cordel  que, estando no chão da entrada,  dava conta da  localização do ausente, da  hora prevista do regresso a casa, da mensagem de um telefonema, etc. .
Muitas vezes observei a  alegria e orgulho nos olhos da Mãe  que soube educar tão reponsavelmente o seu menino que, sendo hoje cidadão e pai exemplar, deu provas de um comportamento de excepção.  Pelo  amor e cuidados prestados, em especial nos dois últimos anos de uma doença sem remissão.   
Por mais esperada, a morte chega sempre demasiado cedo. De quem parte ficam as memórias de vida cruzadas entre  familiares, amigos, colegas e vizinhos. Hoje despedimo-nos da Lurdes que, por esta hora, repousa já na sua Bragança-natal que tanto amava. De um amor só ultrapassado pelos laços que a uniam a seu filho e à família.

 Que descanse em paz! Para mim, ficam para  sempre as lembranças da   amizade que as relações de trabalho e de vizinhança sedimentaram...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

domingo, 16 de dezembro de 2012

Bom Político


Independentemente do regime, aos políticos exige-se dignidade e boa conduta. De República  levamos mais de cem anos e desse regime sonhado como "sendo feito pelo povo e para o povo", sinto uma enorme desilusão.  É o mínimo que posso dizer do ambiente político que vivemos por estes dias. 
Bons políticos, precisam-se! Honestos e capazes de  criar esperança em tempos de crise. ..

"A capacidade de reunir os povos em tempos de crise, mesmo «tendo apenas para prometer sangue, suor e lágrimas» é o que distingue um estadista de um simples político."

Miguel Sousa Tavares

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Boas notícias em Portugal

Para animar, registo três boas notícias.  A mais recente diz respeito à existência de ouro no Alentejo, na zona de Montemor. Quem sabe se não estará aí uma saída para as dificuldades que atravessamos.  Pelo menos criam-se alguns postos de trabalho, o que já não é mau. 
Seguem-se duas outras notícias. Tão ou mais agradáveis, uma vez que apontam para o bom desempenho dos portugueses. Para que se saiba: as  nossas crianças começaram a melhorar o aproveitamento em Matemática. Afinal, não foi em vão a aposta na  formação dos professores. E ainda para alimentar o nosso ego, uma outra boa notícia que confirma o nosso empenhamento e capacidade de trabalho. Nada mau em confronto com outros países,  desta vez, no sector agrícola. E agora é continuar a melhorar!!!

1.  "A Colt Resources, que se dedica à exploração e desenvolvimento de projectos mineiros, sobretudo de ouro e tungsténio, revelou que “foram identificadas mineralizações de ouro em várias jazidas, numa zona com um comprimento de 30 km”. Num total de 12 sondagens, “todas as perfurações intersectaram rochas mineralizadas em ouro”, lê-se num comunicado de imprensa.
A empresa finalizou já o programa de 12 sondagens de ouro nesta área (numa zona do concelho de Montemor próxima de Évora), e o seu presidente, Nikolas Perrault, congratula-se “por verificar que cada perfuração atingiu a zona mineralizada”. Disse também, no mesmo comunicado de imprensa, que os dados já começaram a ser analisados, “antecipando um novo programa de pesquisa

2.  " Em três estudos internacionais, os alunos portugueses de nove anos conseguiram ficar acima da média.
Os alunos portugueses do 4.º ano tiveram melhor desempenho a Matemática do que em Ciências ou leitura em dois estudos internacionais que foram realizados em 2011 para avaliar as competências das crianças de nove anos nestes domínios.
Dos 50 países que participaram no estudo que avalia o desempenho em Matemática e Ciências – Trends in International Mathematics and Science Study (TIMSS) –, Portugal ficou, respectivamente, em 15.º e 19.º lugar.
O desempenho em leitura foi avaliado pelo estudo Progress in International Reading Literacy Study (PIRLS), em que Portugal participou pela primeira vez, tendo também aqui ficado em 19.º lugar. Ambos os estudos são realizados pela International Association for the Evaluation of Educational Achievement (IEA).

3. "Portugal foi o 5º País da União Europeia com maior rentabilidade no sector agrícola, neste ano de 2012, segundo dados revelados, ontem, pelo Eurostat que indicam que o rendimento na agricultura cresceu 9,3%.
À frente de Portugal aparecem a Bélgica, com um aumento de 30%, a Holanda, com 14,9%, a Lituânia, com 13,6% e a Alemanha, com 12,1%. A vizinha Espanha ficou em 14º lugar com um rendimento de apenas 2,4%.
As culturas de sequeiro, com destaque para os cereais, ficaram claramente marcadas pelo Inverno seco o que levou a uma dependência muito grande do exterior, relativamente às áreas de regadio registaram produções muito significativas.
Neste capítulo, Alqueva teve um papel preponderante por exemplo na produção de milho foram cultivados 6000 hectares com produtividades das mais elevadas a nível mundial, na ordem das 21 toneladas por hectare. Só na Bacia de Paris, uma das mais produtivas do Mundo em milho, é que se registam produtividades próximas com 18 a 20 toneladas por hectare.”

Notícias recolhidas na Internet

domingo, 9 de dezembro de 2012

Uma lança em África

Quantas vezes usamos expressões, cuja origem se desconhece. Uma lança em Àfrica...um desses ditos que, de tão repetido, se lhe perdeu o significado.  Alexandre Herculano conta-nos como foi a  "origem de um provérbio nosso."

"Estando o Condestável, já velho conversando, acerca de coisas de guerra, com alguns cavaleiros, e encostado a uma janela do Convento, que dava para o Rossio, houve entre eles, quem dissesse, que, se Portugal tivesse algum rompimento com Castela, ele assim quebrado de forças não poderia já  alcançar tantos castelhanos com dantes fizera. Ouvindo isto, o Condestável pegou., pegou de uma lança, despediu-a pelos ares, e a fez ir por  ir cair a extraordinaria distância, acrescentando: Se a minha Pátria carecer de mim, ainda meterei uma lança não só em Castela, mas em África. Daí, dizem, nasceu o dito popular "Meter uma lança em Africa."


Alexandre Herculano, Panorama, 1937 (ortografia actualizada)

sábado, 8 de dezembro de 2012

Niemeyer partiu...

Morrem os génios, mas a sua  obra permanece. Brasília e outros muitos projectos hão-de ficar para atestar a modernidade de Oscar Niemeyer. Uma longa carreira interrompida a poucos dias de completar  105 anos. Passou pela vida, desfrutando a beleza e o convívio. Dizia fazer arquitectura como um  "passatempo" e  explicava a sua criatividade como o produto de um museu que guardava dentro de si...

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Políticos!!!




Ouvindo os últimos títulos dos jornais fui levada a pensar nos requisitos essenciais de um político e acabei em honestidade e competência: Dois atributos que suportam todas as outras qualidades que hão-de fazer um "bom político". Tanto assim é que os  demagogos, mais tarde ou mais cedo, caem  em desgraça, enquanto os menos simpáticos ( mas competentes) acabam por alcançar  gradualmente o reconhecimento público.

Assumo que deixei de ter paciência para ouvir os políticos. A isso me obrigaram, porque todos prometem, prometem e depois nada fazem Ou melhor, fazem o seu  contrário.  Em Portugal parecia tudo bem em Agosto,  mas em menos de um mês tudo mudou. A gota de água caíu  com a comunicação de  Passos Coelho  em  7 de Setembro (dia que ele terminou no Tivoli, trauteando a  "Nini") que, tal como  um clic, acordou o povo para o mundo real da austeridade sem esperança. Hoje, menos de três meses depois,  a credibilidade do Governo, que já não era muita,  entrou em queda livre...

Nunca pensei que chegássemos a este desvario governativo. A  maioria destes ministros revela ignorância, impreparação, insensibilidade e falta de senso. Desse bom senso que já Descartes discorria e que, bem vistas as coisas, não abunda  por aí.  Ao invés, existe  vaidade e  soberba  no discurso e na prática governativa que prima pela escassez da  inteligência e preparação técnica. É o mínimo que me apetece dizer destes políticos que só olham   para os seus interesses, esquecendo o País...  

Aos políticos actuais e futuros aconselho, se me é permitido, mais atenção ao bem-estar dos cidadãos, mais cuidado nas palavras e nos actos. Afinal, os princípios básicos da moral, porque de valores é também esta crise. 

domingo, 25 de novembro de 2012

Dilma, precisa-se!!!

Dilma, Presidente do Brasil, revelou-se uma mulher determinada na  luta que vem travando  contra a corrupção. Pena que não existam muitas Dilmas por esse mundo fora. Esperamos urgentemente por esse dia em Portugal, porque estamos fartos daqueles políticos que enriqueceram à custa do povo sobre o qual recai agora a  austeridade...
Para quem duvida da justiça no Brasil, transcrevo a notícia.


"Dilma demite altos funcionários do Governo acusados de corrupção


Numa resposta muito rápida e firme, bem diferente do que ocorria no governo do ex-presidente Lula da Silva, Dilma Rousseff determinou a demissão imediata de todos os altos funcionários do seu governo detidos na passada sexta-feira pela Polícia Federal por terem montado uma grande rede de corrupção. OS envolvidos, nomeados para os cargos ainda no governo de Lula da Silva ou já no de Dilma por pressão do ex-presidente, usavam as suas posições privilegiadas no aparelho estatal para garantirem vantagens financeiras indevidas."

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Depois da tempestade, a esperança

Há momentos em que me sinto particularmente orgulhosa do meu país. Desta vez, trata-se do ocorrido este domingo em Silves, cujos habitantes corresponderam maciçamente ao apelo do Presidente da Câmara. Ao tornado sucedeu  uma acção de limpeza,  onde ficou patente a generosidade e o entusiasmo de todos. Pela força braçal, com instrumentos diversos e máquinas limpou-se e reparou-se.  em menos de 24 horas, praças, ruas e edifícios públicos e privados. Recuperou-se a imagem da Cidade, fez-se num dia aquilo que poderia ter sido trabalho de um mês dos funcionários camarários...
A vontade e a esperança superaram  cansaços e desânimos. Por  estas razões continuo a acreditar na força anímica deste povo que tão deprimido anda...

sábado, 17 de novembro de 2012

Tornado no Algarve


A Natureza anda desenfreada. Ainda não se calaram os ecos do Sandy e também nós, em Portugal, sofremos os efeitos da fúria dos ventos. Ontem no Algarve, a passagem de um tornado semeou a destruição nos concelhos de Silves e Lagoa.
Para a reconstrução espera-se o auxílio pronto do Governo, mais lesto que as promessas feitas depois dos incêndios de Agosto...

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Amadeo


O Google lembra-nos hoje o 125º aniversário de Amadeo de Souza Cardozo. Para assinalar a data, optei por esta obra de 1913:  Procissão do Corpus Christi, um tema que remete para uma festa tradicional que, por certo, teria grande significado para o grande pintor de Amarante. 

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Em tempo de crise, valha-nos o humor!!

Para sorrir ontem e hoje. Porque quase tudo já foi dito a propósito da visita de Chanceler da Alemanha, deixo uma nota de humor!!!

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

É assim a segurança do Estado!!!

Pasme-se com mais esta no Diário de Notícias de hoje. Segredos de Estado, que é isso -  pergunto eu. Pois,  é mais  uma das provas da fúria  liberalizadora  deste Governo. Quando se julgava que os segredos de Estado estariam a bom recato, eis mais um estudo .(assim se gasta mais uma parte do "nosso dinheirinho" em proveito de quem? ) que aponta para a perda total da nossa soberania ....que deverá passar para privados!!!...


"Arquivos secretos do Estado podem ser entregues a privados


Um estudo do Governo defende que as bases de dados de toda administração pública sejam centralizadas e guardadas por uma entidade privada, numa nuvem tecnológica (cloud), incluindo os arquivos das informações classificadas e os segredos de Estado.Este é um dos assuntos em destaque na edição de hoje do DN."

sábado, 27 de outubro de 2012

Seremos todos iguais?


A pergunta serve de introdução a uma notícia que levanta alguma objecção. Veja-se esta discriminação que privilegia aqueles que, de certo, não fazem parte dos mais desfavorecidos....



"A Associação Nacional de Guardas (ANAG-GNR) considerou hoje a manutenção sem restrições da utilização gratuita dos transportes públicos aos procuradores e juízes uma "medida discriminatória" em relação às forças de segurança.

A proposta do Orçamento de Estado (OE) para 2013 retira aos elementos da GNR e PSP a gratuitidade em todos os transportes públicos nas deslocações entre residência e local de trabalho até uma distância de 50 quilómetros, usufruindo apenas deste benefício quando estão em serviço.
O orçamento propõe o fim da gratuitidade nos transportes públicos para todos os funcionários públicos."


 

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Misere Dei


Quando o mundo parece ruir, a música  consola-nos: Misere Dei...

domingo, 14 de outubro de 2012

Assim vai o País do "bem prega frei Tomás..."






Afinal, o actual Governo sofre do mesmo mal do anterior. Henrique Monteiro esclarece e comenta a situação de como Passos Coelho e Miguel Relvas passam de impolutos a investigados...


" Todos nós sabemos como tem sido. O Estado cria um programa, sempre com a melhor intenção, e uma série de artistas da vida desatam à procura de modos de fazer dinheiro com esse programa.
Claro que o comum do cidadão não sabe da existência de tais programas. Apenas quem tem contactos na administração. É que tais programas financiados pelo Estado português para tudo e mais alguma coisa: técnicas de manicura, língua espanhola, expressão práticas de creche expressão dramática e, claro, empregados de aerodómo.
O sistema é simples.   Há um fundo europeu dsiponível; há uma entidade pública que cofinancia; há uma série de de gente desempregada ) que pretende valorizar-se e há, sobretudo e tristemente,uma série de pessoas que se aproveitam de tudo isto para ganhar bom dinheiro. Uns à descarada, outros mais comedidamente, outros, até imagino, ingenuamente.
Com esta mistura, pode começar o negócio, que apenas o é para os formadores.Não nego que para  alguns formando tenha sido uma boa aplicação de tempo, mas não creio que a maioria tenha ficado melhor depois disto e gostaria de ver um balanço bem feiro, e por uma entidade independente, que relacionasse o investimento com os resultados. Já os formadores podem ganhar umas massas, sem muito esforço. E legalmente. Ainda que, em muitos casos, imoralmente.
 Imaginem o que pensará alguém que está a utilizar dinheiro de todos nós para formar técnicos camarários para aeródromos. 1023 técnicos para uma região que só tem três aeródromos em actividade e mais seis desactivados. E que, para isso, sabe que se está a gastar 1,2  milhões de euros. Eu  pensaria que é imoral. Estou convencido que a maioria das pessoas bem formadas teria o mesmo pensamento. Não se pode gastar o que é comum de forma tão desbragada!
Mas, segundo o "Público", não foi o que pensou Miguel Relvas nem  Passos Coelho. Ambos  colaboraram neste esquema, em conjunto com amigos.
Se é ilegal ou criminoso, dirá a justiça. Por mim, apenas interrogo: é com gente assim que nos vai tirar o peso do Estado de cima e cortar na despesa?  Nem pensem! Vejam o OE..."  


Henrique Monteiro, Com Gente assim...in Expresso, 13 de Outubro 2012.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Negócios dos nossos políticos

Já desconfiávamos que não existem  mãos limpas nestes negócios de acções de formação. Afinal,  vão todos ao "pote"!...

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A República em Roque Gameiro


Liberdade exprime-se na ideia de República, personificada numa figura feminina que Roque Gameiro retratou com os trajes e adereços do Minho: o lenço, os brincos e cordões de ouro. O Artista, que tão bem representou os tipos populares, encontrou a imagem perfeita da "nossa Marianne" nesta minhota ..a mulher em beleza e força!  Não devemos esquecer que minhota era a Maria da Fonte!!

Nota - Devo informar que retirei esta aguarela de Alfredo Roque Gameiro .do FB, uma imagem postada por uma Amiga e familiar do Artista de Minde!.

Cavaquinho


Em contraponto à celebração deste último feriado de 5 de Outubro, que não atingiu a dignidade adequada à data, registo a sonoridade do cavaquinho numa expressão popular. Ou seja uma outra forma de comemorar a  nossa memória colectiva...

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

David, a obra e o criador


"Na Primavera de 1501 (Miguel Ângelo)  voltou a Florença.
Um gigantesco bloco de mármore tinha sido confiado, quarenta anos antes, pela Obra da Catedral (Opera del Duomo) a Agostino di Duccio para esculpir a figura de um profeta. A obra, apenas encetada, logo ficara interrompida. Ninguém ousava retomá-la. Miguel Ângelo encarregou-se disso e, dessa rocha de mármore, fez brotar o David colossal.
Conta-se que o gonfaloneiro (oficial de justiça) Pier Soderini, ao vir contemplar a estátua que tinha encomendado a Miguel Ângelo fez-lhe algumas observações para dar mostras do seu gosto: criticou a espessura do nariz. Miguel Ângelo subiu ao andaime, pegou num cinzel e num pouco de poeira de mármore, enquanto mexia ao de leve o cinzel, deixava cair a pouco e pouco a poeira; mas evitou cuidadosamente tocar no nariz, que deixou como estava. Depois, voltando-se para o gonfaloneiro, declarou:
"- Olhe agora.
"- Agora -disse Soderini - gosto mais. Deu-lhe vida.
"Miguel Ângelo desceu então do andaime rindo silenciosamente."
Parece que se lê esse desprezo silencioso na obra. É uma força tumultuosa em repouso. Está cheia de desdém e de melancolia. Sufoca entre as paredes de um museu. Tem necessidade do ar livre, "a luz da praça pública", como dizia Miguel Ângelo.
A 25 de Janeiro de 1504 uma comissão de artistas de que fazia parte Filippino Lippi, BotticellI, Perugino e Leonardo da Vinci, deliberou sobre o local a destinar ao David.A pedido de  Miguel Ângelo foi decidido erigi-lo em frente do Palácio da Senhoria. O transporte da enorme massa foi confiado aos arquitectos da catedral. A 14 de Maio, pela tarde, fizeram sair o colosso de mármore da armação de madeira onde tinha estado encerrado, demolindo a parede por cima da porta. Durante a noite, pessoas do povo apedrejaram o David, com o fito de o partir.Foi necessário montar guarda. A estátua avançava lentamente, amarrada direita e suspensa, de maneira a balançar livremente sem tocar o chão. Foram necessários quatro dias para o levar do Duomo até ao Palácio Velho. A 18, ao meio-dia, chegou ao lugar indicado. Continuaram a montar guarda em torno dele, durante a noite. Apesar das precauções, uma tarde a estátua foi apedrejada.."


Romain Rolland, Miguel Ângelo

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Quanto Vale um Homem?


Um acaso feliz depois da polémica declaração de  António Borges.  Desta feita, uma perspectiva humanista da  economia por João Duque no Expresso de ontem (caderno de Economia). Copiei  o título do artigo que, pela sensibilidade e bom senso, devia ser objecto de reflexão dos nossos governantes. Alimentando a esperança de melhores dias, passo  à transcrição de alguns excertos.

"Para os economistas. o valor  de uma pessoa pode tentar encontrar-se de várias maneiras:através do valor actualizado, ou descontado, do seu rendimento esperado futuro; através do valor que a sociedade fará para o conservar vivo, etc...
Quando um cidadão está desempregado é comum reconhecer-se que o seu custo é o valor do subsídio que o Estado lhe paga.
Porém, o seu verdadeiro custo s´cial é muito superior.
Uma empresa, ou mesmo uma organização sem fins lucrativos não se preocupa com outros custos além do salário, encargos sobre remunerações ou condições de trabalho que tem de dispor para albergar um novo empregado.
Mas o Estado deve ter em atenção uma optica bem mais alargada e valorizar,, ainda numa análise de custo-benefício, o valor dado à estabilidade social, à segurança (ou ausência de risco) ou à felicidade que se retira de uma sociedade onde se vive sem medos, sem muros a defenderam o que é nosso, ou à ausência se armas a vigiarem a nossa noite.
Na sociedade de hoje, e perante o flagelo do desemprego e da sensação de inutilidade social, há que repensar urgentemente os modelos de "avaliação humana".
E para se tomarem finalmente decisões económicas em que não se devem perder de vista os critérios de de eficiência e bom governo, pergunto seriamente se não é tempo de se reverem os modelos usados pelos economistas e fazer-lhes incorporar outros parâmetros ainda não estudados, mas que eu temo se irão tornar, em breve, em custos evidentes...
Contabilizam os prejuízos sociais da degradação das relações e da infelicidade que resulta deste mal-estar social que se vive hoje em dia?

A destruição que poderá daí decorrer? O que perde quem não tem nada a perder?
E já que os modelos macroeconómicos  usados pelo Governo se mostram tão erradamente parametrizados, não será altura de os corrigir, melhorando a sua sofisticação?
Não podem errar  mais do que já erram..."

João Duque, Confusion de Confusiones, Quanto Vale um Homem?, Expresso, 29 de Setembro 2012.

sábado, 29 de setembro de 2012

Livrai-nos, Senhor, de Ministros sobredotados!



Mais uma polémica lançada pelo  Dr. António Borges: condenação absoluta dos empresários que, na sua douta opinião,   não perceberam os benefícios  da famigerada TSU!!!   E foram tais os termos usados pelo Professor que me apetece rezar, pedindo que Deus nos livre de mentes tão luminosas. Antes o bom senso dos nossos empresários que  o QI destes ministros sobredotados!!!
Ah! Não há qualquer equívoco. Sei bem que formalmente António Borges  não é ministro, tão só assesor do actual Governo.Que faria se fosse?!

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Portugal e a voragem das privatizações



Em Portugal e na Europa periférica, como agora se diz, vivem-se momentos difíceis.  Nesta  espécie de depressão colectiva apetece reclamar, exigindo  mais respeito por parte dos nossos governantes. Da inoperância, negligência e  insensibilidade destes Ministros.
De um Governo que navega sem rumo, ditando medidas avulsas com pouco rigor nos cálculos e nenhuma equidade social. Proclama-se  um patriotismo que mais não é que uma liberalização desenfreada pela privatização dos bens públicos.  Onde está a vontade politica de congregar esforços em torno dos países em idêntica situação?  Pelo contrário,  Passos Coelho prossegue numa obediência cega à senhora Merkel.  Ela que aconselhava a Grécia a vender algumas das ilhas para pagar a dívida, agora deve regozijar-se com esta onda de privatizações em  Portugal: Cimpor, EDP, RTP, TAP, ANA ...e agora a  Caixa Geral de Depósitos.Mais uma venda ao desbarato,  isto é, mais um contributo para o enfraquecimento da soberania nacional.
Perde-se  assim Portugal que, entretanto, vê aumentar o corte nas despesas de saúde...

terça-feira, 28 de agosto de 2012

O futuro da RTP


Por estes dias a RTP anda nas bocas do mundo. Muitos já se pronunciaram e outros mais hão-de pronunciar-se sobre o último projecto do Governo. Admitindo que exisitiram e existem coisas erradas na gestão da televisão pública, tais como ordenados milionários, mordomias e desperdícios, impunha-se a aplicação de medidas de rigor e exigência. Isso merecia o aplauso geral, mas o Governo não seguiu esse caminho. A escolha recaíu na concessão a privados do serviço público de televisão.

Negócio escandaloso este de oferecer de mão beijada uma instituição com nome, crédito e património material e humano de valor incalculável. Visitei há anos o arquivo da RTP, ainda no Prior Velho, e deliciei-me com as peças aí guardadas. Registos de mais de cinquenta anos de História que correm o risco de "voar das nossas mãos"..... Nós, que pagamos uma taxa obrigatória na conta da electricidade, perdemos um direito inalienável de guardar, preservar e manter a identidade portuguesa. Mais um exemplo de uma PP que não deixa alternativa ao cidadão ( a menos que deixemos de consumir electricidade). Mais, um inédito e original modelo de gestão. Em que outro país existirá semelhante meio de serviço público de televisão?

Receio pelo futuro da RTP, pela isenção da informação e pela prática de um verdadeiro serviço público. Recordando os últimos anos da II Guerra Mundial e a prática soviética de controlo dos meios de comunicação, pensei estar a assistir a um processo similar... só que feito em nome do liberalismo!!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

O Rei vai nu na vida política




Nem todos têm coragem para denunciar situações de promiscuidade entre o político e privado. As recentes entrevistas dadas pelo bispo D. Januário Torgal Ferreira e Paulo Morais confirmam a regra. Para reflexão. fica um registo...

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Sábio era António Aleixo...

Não resisti a António Aleixo. Mensagem intemporal de um poeta popular que tinha resposta pronta e acertada para os desmandos da vida vida pública e privada.
Nada mais a acrescentar, senão que acabe depressa a mascarada...

sábado, 14 de julho de 2012

Os Maridos das Outras




Ironia ou verdade?! É para ouvir, sorrindo...e que ninguém fuja, porque há carapuças para todos!!

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Os Jogadores de Cartas

O jogo distrai e anima. Passatempo estimulante do cérebro que facilmente corre o risco de passar a vício. Nada mais fácil: praticar, praticar até criar um hábito que vira fixação. Daí nascem todos os males e vícios. Abandona-se o trabalho, arruina-se o património, afastam-se os amigos, perde-se a família. É uma uma espiral de que raramente se sai.

O jogo, sendo próprio da natureza humana, permanece intemporal. Diversidade de jogos, muitos dos quais têm atravessado séculos. Longe de mim condenar o jogo, mas com conta peso e medida, obviamente. E isto, porque os excessos perturbam e causam destruição. Às vezes, de forma irreversível. Outras, deixando marcas profundas. Sei de um caso que fez o regresso "à normalidade" com a força de vontade e ajuda da mulher. Porém, nada é como dantes. Reencontrei-o há dias numa festa. Triste, calado, afasta-se de todos. Engordou imenso, uma sombra do passado, este homem meio-sonâmbulo que parece levitar...

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Da Casa dos Patudos e de José Relvas

Relvas, apelido que leva à exaustão de tanto repetido. Sabemos todos porquê. Por isso, a criatividade dos portugueses ultrapassou já a indignação para cair no campo da anedota. Sem entrar directamente no assunto, proponho, em contraponto, uma outra personalidade. Semelhante no nome, mas diferente na maneira de estar na vida: José Relvas (1858-1929).

Político que atravessou a viragem para o século XX, cedo frequentou a Faculdade de Direito em Coimbra. Pouco depois havia de trocar as leis pelo Curso Superior de Letras, o qual completou em 1880, em Lisboa. O ideário republicano cativou-o e esse facto seria determinante na vida política, uma vez que lhe conferiu a honra de proclamar o novo regime em 5 de Outubro de 1910, à varanda da Câmara Municipal de Lisboa. Serviu o País, sem nunca se deixar deslumbrar pelo poder. De relacionamento fácil com os grandes e com o povo, gostava simplesmente de ser tratado como senhor José Relvas. E, de facto, era um senhor. Verdadeiro humanista que soube aplicar os seus proventos na aquisição de objectos de arte, de pintura, de escultura e até de instrumentos musicais na colecção de um rico acervo que ainda é possível admirar na Casa dos Patudos em Alpiarça. O ambiente paradisíaco da sua casa na margem esquerda do Tejo suscitava a admiração dos amigos que, todavia, não deixaram de lamentar a perda dos seus três filhos. O testamento de José José Relvas, em 1929, legando o seu património aos conterrâneos, atesta bem a generosidade de um espírito superior que soube morrer como viveu...

" ...esta casa é muito singular, pois tem um grande porte e nenhuma ostentação. Não se lhe pode dar o nome de chateau ou de manoir, ou mesmo de casa de campo. Dir‑se‑ia uma velha residência de família, transmitida por herança de pais a filhos. No entanto não tem 6 anos de construída; e não lhe dá este primeiro aspecto a conhecer não já o gosto mas o fundo nobre do carácter do homem que a construiu, e que assim pretendeu adoptar a sua noção da família ao domicílio que melhor lhe convém e que ainda é aquele que noutros tempos a abrigou e perpetuou? A casa dos Patudos, pois esse é o seu nome, nasceu ontem e tem séculos. De nobreza? Não. De solidariedade de família, de virtudes domésticas, de agasalho de hospitalidade. Por efeito do seu temperamento, da sua educação, o dono desta casa é um destino inteiramente votado ao amor a ao culto da arte a ao qual todos os outros, mesmo o que o prende à lavoura, mesmo o que o lançou na política, são destinos acessórios.
Assim, a sua casa, abriga com a sua família, o maior número de obras de arte que ainda enriqueceu o domicílio dum homem sem ostentação, e nele se presta à arte um culto tão fervoroso, que se diria não se viver ali para outra coisa. As suas salas são galerias de pintura e escultura, onde é licito passear com um catálogo nas mãos, como nas salas dos museus. Tropeça-se em objectos de arte. Aqui é um móvel, acolá uma talha, além uma faiança, mais além um medalheiro. Numa vitrina está a mais bela obra de olaria portuguesa. Noutra é fácil admirar ao lado de um autêntico Galrão, um Stradivarius autêntico, o que caracteriza a serenidade desta paixão, a que tantos se entregam por puro luxo é que ela se foi instalar longe do ruído da vida mundana e da publicidade e se sacia solitariamente. Nessa casa amam-se todas as artes mas só uma se cultiva – a música. Se ao leitor sucedesse passar já noite velha, pela beira da estrada de Almeirim não seria de estranhar que ouvisse por entre o concerto do coaxar das rãs, as harmonias vindas lá de dentro, duma sonata de Beethoven, ou de Mozart. É no que ali se passam as noites.»

João Chagas

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Desfrutar o dia




A paz nas palavras e nas imagens...

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Cartas de amor e Maria Barroso

Todas as cartas de amor são ridículas. escreveu Fernando Pessoa. Não se esqueceu, porém, de acrescentar essa inevitabilidade: " se há amor têm de ser ridículas. " Carinho e ternura postos em cada coisa, cada palavra, cada imagem. Evocação acompanhada de gestos que, sendo invisíveis, transmitem a força dos sentimentos.

Hoje escrevem-se poucas cartas de amor. O telefone, os sms e os emails substituíram a folha de papel que chegava quando chegava. Dias ou semanas de um serviço de correios demorado, uma lentidão exasperante quanto o eram as vias e meios de transporte. Lembro-me sempre das cartas em tempo de guerra e, falando em casos mais mediáticos, recordo as longas missivas de António Lobo Antunes. Retrato de um amor separado pelas circunstâncias da guerra em Angola. Outro caso de uma outra geração: Mário Soares e Maria Barroso. O casamento ocorreu quando ele estava preso no Aljube e, passados vinte anos, a política separava-os de novo. Preso em Caxias no Natal de 1967 , Mário Soares contava com o amor de Maria e solidariedade dos amigos. Quase 20 anos de casamento contados numa carta de amor, onde o quotidiano e a ternura coexistem.

O Sol publica as Cartas que vale a pena conhecer.

Meu Querido Amor

Senti tanto a tua falta hoje – em quase 20 anos de casados é a primeira vez que passamos separados esta noite. Separados materialmente, claro, porque nunca, nunca deixaste o meu pensamento, meu Querido.

Tivemos a D. Eugénia e o marido [Joaquim Jacobetty Rosa] para jantar connosco. Comemos uma canjinha e um pouco de peru, daquele de que eu cortei as fatias do peito para te levar e que eu própria preparei. Portámo-nos todos à altura, embora sem festas nem saúdes. Tu estavas bem presente no pensamento de todos nós – para quê fazer saúdes? Foi um jantar simples, como qualquer outro. Teria sido, como tem sido sempre, um jantar de festa se tu estivesses. O Pai esteve bem, distraiu-se a conversar e por volta das 11 horas foi-se deitar.

Ainda apareceram os nossos afilhados para nos darem um abraço e trazerem um presente à Isabel.

Mas eu, meu querido, eu que não quero que ninguém me veja senão de olhos enxutos e cheia de coragem, afastei-me um pouco por volta das 10 e 1/4, 10,30 e pensei em ti com uma intensidade tal que tinha a impressão de que o meu coração pulsava em todo o meu corpo – era um bater tão forte que a minha cabeça parecia uma caixa de ressonância. Pensei em ti com toda a força – passei as minhas mãos ternamente pelos teus cabelos e fechei-te os olhos com um beijo tão cheio do meu Amor – que tu deves ter sentido a minha presença junto de ti. Disseste-me que às 10,30 adormecias e eu quis estar só nesse momento em que pensei que te deitavas e adormecias. Para te acompanhar, para pensar que não estavas tão só nesta noite que foi para nós sempre uma noite de família em que nunca nos separámos. Foi tanta a intensidade com que pensei em ti, sozinha, que quase se tornou palpável a tua presença junto de mim – as pancadas do meu coração eram tão fortes que eu tinha a impressão de que sentia o teu próprio coração bater com o meu. Acredita, meu Amor.

Podem separar-nos, arrancar-te fisicamente de junto de nós como o estão fazendo agora. Mas há uma coisa de que eu estou segura e de que tu podes ter a certeza – eu estarei sempre contigo, meu Querido! Sinto-me de tal modo identificada contigo, todos estes anos em que caminhamos juntos estão tão repassados de Amor, de ternura, de compreensão, que é impossível separarem-me de ti – eu estarei sempre onde tu estiveres. «Não há machado que corte a raiz ao pensamento» diz um poema [de Carlos de Oliveira] e é verdade! O pensamento atravessa as grades mais fortes, não conhece paredes nem montanhas e vai para onde nós quisermos... ainda! Por isso podem as grades ser fortes, as paredes espessas, as distâncias enormes que eu estarei presente onde estiveres, sobretudo se te sentir só, como agora, injusta e incrivelmente só.

Não sei se conheces uns versos lindos de uma poetisa nossa amiga [Sophia de Mello Breyner Andresen], que diz:

«Para atravessar contigo o deserto do mundo

Para enfrentarmos juntos o temor da morte

Para ver a verdade, para perder o medo

Ao lado dos teus passos caminhei!».

Esses maravilhosos versos dizem bem o que eu te poderei dizer de uma maneira mais desajeitada.

Os beijos mais amigos dos teus Filhos, Pai e Tio Nobre. Abraços, muitos abraços de toda a família e amigos.

Para ti sempre toda a minha ternura mais profunda e os beijos mais carinhosos.

Sempre tua

Maria de Jesus"

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Guilhermina Suggia, a violoncelista



Passar pelo site de genealogia pode servir para avivar a memória acerca de personalidades esquecidas. Não é bem o caso de Guilhermina Suggia que nasceu neste dia no ano de 1885 no Porto. De ascendência italiana, cedo manifestou os dotes musicais que dela fizeram uma violoncelista de referência mundial.

À formação ministrada pelo pai seguiu-se o estrangeiro e a influência dos grandes mestres. Ainda em Portugal conheceu Pablo Casals que com ela manteve um agitado relacionamento afectivo. Entretanto, a Europa curvava-se ao talento de Guilhermina, a "Paganina" como muitos lhe chamavam. Haia, Bremen, Amesterdão, Paris, Mainz, Berlim, Bayreuth, Praga, Viena aclamaram-na, tal como outros palcos na Suíça, Rússia, Roménia e Inglaterra. Viveu em Londres a última etapa da sua carreira internacional. Aí foi retratada por um pintor que soube registar com mestria os traços da sua forte personalidade.

Mais tarde, em 1924, Guilhermina preparou o regresso ao país. Casou com um médico português e viveu na sua terra-natal até ao fim dos seus dias. Morreu no Porto no dia 30 de Julho de 1950.

terça-feira, 26 de junho de 2012

A música acontece




Apetece ouvir música sem palavras, deixando voar a imaginação...

O Menino do pijama listrado



Uma história que, sendo ficção, reproduz o ambiente dos campos de concentração durante a II Guerra Mundial. Tempo que não pode ser esquecido, particularmente quando os totalitarismos recrudescem.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

La Donna è mobile




Registo de um trio irrepetível. Ah! se fosse possível regressar ao passado e assistir, cantarolando esta Donna è mobile?!...

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Matar a sede!!

Vilmos Aba-Novak (15/3/1894-29/9/1941)

Alegremo-nos com a vitória de Portugal



Aplicação e engenho de uma equipa. Neste Portugal-República Checa, Cristiano Ronaldo voltou a entusiasmar, marcando um golaço. Acabado o jogo, a festa desceu à rua com buzinadelas, cânticos e bandeiras!!! Haja alegria e venha o próximo jogo! Precisamos de alegrias destas para contentamento dos nossos corações!!

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Economistas para quê?

A ênfase da pergunta corresponde, de certo, ao sentir do povo. Cansados de tantos comentários e opiniões de economistas, os portugueses interrogam-se acerca do estado do déficit. Prevendo-se mais dificuldades no cumprimento do memorando, há já quem avance novas medidas. Não será difícil adivinhar...um imposto extraordinário. Contributo de solidariedade ( o nome sensibiliza mais o patiotismo) é a proposta que Cadilhe defende com tal veemência que será difícil o Governo recusar. É só mais um a acrescentar aos impostos e sacrifícios existentes...

Entretanto, reformas e cortes nas despesas continuam no limbo. E tanta coisa poderia ser feita a nível de fundações, observatórios, gabinetes, empresas estatais e autárquicas, etc. etc. Este desabafo ganha mais expressão quando o povo toma consciência das alterações do quadro Judiciário do País. À ameaça de extinção dos tribunais respondem algumas câmaras com o encargo das despesas de manutenção de funcionamento, exceptuando os ordenados. Parece razoável aceitar a "oferta" que, não lesando o Estado, garante mais segurança às populações.

Por tudo isto, acabo como comecei. Para quê haver economistas se estes não conhecem outras propostas senão as de aumento de impostos?

terça-feira, 19 de junho de 2012

Recordando Gal Costa



Vale sempre a pena regressar aos grandes intérpretes da música brasileira. Dessa geração de ouro, recorda-se Gal Costa . Em "Um dia de domingo" , grande êxito do final da década de 80, canta com Tim Maia (1945-1898), um dueto irrepetível...

domingo, 17 de junho de 2012

Final da Primavera

Camille Pissaro, 1870, Paisagem nas proximidades de Louveciennes


Uma tela de Pissarro adequada a este último domingo de Primavera que teima em esconder o Sol.

sábado, 16 de junho de 2012

Destino da Europa marcado pela Grécia?


Hoje a Europa põe os olhos na Grécia. Expectante nas eleições e do que daí possa resultar para o futuro de todos nós. É um sentimento de temor que ameaça confundir-se com pânico. Perigo de contágio a todos os Estados, ainda que em diferentes graus. Falhanço de um projecto para a Europa que aparece irremediavelmente dividida.
Não se vislumbram políticos corajosos e inteligentes para alimentar sinais de esperança. Só o receio do dia seguinte emerge pela ressonância dos mass media. Ameaças, opiniões e prognósticos de um destino inexorável que o coro da tragédia grega ( ou não se falasse da Grécia) comentava e vaticinava.


Enquanto isso, fixemo-nos na tragédia grega, aqui representada na imagem do Teatro do Epidauro. Por aí passavam os grandes temas do quotidiano da polis, problemas emocionais e psicológicos dos homens e dos deuses. Objecto de reflexão dos cidadãos de outrora, valores que assumiram a universalidade dos valores do homem, do confronto entre a liberdade e o destino.
Quem dera que neste regresso ao teatro grego pudesse residir a preservação da liberdade, ou seja, da Europa...

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Será que o polvo acerta?

Hoje é o dia do tudo ou nada. Portugal terá de vencer a Dinamarca se quiser alimentar esperanças. Joga-se a segunda parte e, dado que estamos a ganhar, apetecia que o tempo voasse até ao minuto noventa. Até lá é sofrer, esperando desfazer o prognóstico de Paulo, o polvo. Crença mais parva e de mau gosto esta do nome. Paulo (Bento) é o treinador que só quer a vitória...

Para confirmar ou desmentir o prognóstico do octópode, copio a notícia da Internet.


"Hoje foi dia de mais uma previsão do polvo adivinho do SEA Life Porto. O Paulo, nome pelo qual é conhecido, mostrou-se algo reticente na hora de escolher entre Portugal e Dinamarca, mas acabou por mais uma vez “adivinhar” uma derrota lusa.

Após uma previsão acertada relativamente ao jogo anterior, em que a Alemanha saiu vitoriosa, é de temer esta nova premonição.

À semelhança do seu primo Paul, que brilhou no Mundial2010, o polvo Paulo tinha à sua disposição duas caixas com comida, devidamente representadas com as bandeiras portuguesa e dinamarquesa.

Depois de andar alguns minutos longe das caixas, o animal marinho acabou por ir comer o caranguejo do lado dinamarquês.

O jogo Portugal - Dinamarca está marcado para esta quarta-feira, a partir das 17 horas."

terça-feira, 12 de junho de 2012

Liberdade

Fernando Pessoa ( Almada Negreiros, 1954)


Liberdade, prazer e direito que todos prezamos. Poema de Fernando Pessoa, poeta nascido em dia de Santo António do ano de 1888 em Lisboa. Associação feliz de duas insignes personalidades que traduzem o sentir do povo desta cidade que hoje se alegra...



Liberdade



Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
Sol doira
Sem literatura
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como o tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,

Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

Mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa

domingo, 10 de junho de 2012

Camões, um símbolo da Pátria

In memoriam de Maria Keil

Maria Keil, auto-retrato, 1941








Maria Pires da Silva ou Maria Keil, como ficou conhecida, faleceu hoje. Nasceu em 1914 e, em 1933, casou com Francisco Caetano Keil Coelho do Amaral (1910-1975), arquitecto conhecido e neto de Alfredo Keil. À sua formação artística acrescentou os contactos com os centros do modernismo em Paris quando acompanhou o marido durante a criação do Pavilhão de Portugal na Exposição de 1937.


Artista multifacetada, Maria experimentou muitos géneros: pintura, desenho, ilustração, design gráfico, cerâmica, cenografia e cartões para tapeçaria. Para as estações do metropolitano de Lisboa, em 1959, produziu os azulejos que contribuíram para rectivar a quase arruinada cerâmica da Viúva Lamego. Digno de registo são também os trabalhos para a Pompadour, conhecida loja de lingerie na Baixa de Lisboa. Escreveu e ilustrou livros para crianças e para adultos. Colaborou na ilustração de contos infantis de Matilde Rosa Araújo e Sophia de Mello Breyner, tais como O Palhaço Verde e Noite de Natal. Imagens que, de certo, persistem ainda na memória das crianças das décadas de 1960/70...
Ilustradora de revistas várias ( Seara Nova, Vértice, Crer e Ver, e Eva), Maria Keil será sempre recordada pela modernidade do traço. Para quem teve a sorte de a conhecer fica a memória da simplicidade e bondade da Artista e da Mulher...

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Corpo de Deus, um feriado suspenso ou extinto?

O Governo exigiu e a Igreja aceitou a redução de dois feriados religiosos. O primeiro será o Corpo de Deus, embora o anúncio oficial registe uma suspensão por cinco anos. Ora, já todos sabemos como acabam estas promessas...


Por isso, o meu desabafo neste dia de despedida. De um dia de festa em Lisboa e em muitas localidades do país. É na capital que tem lugar a maior e mais solene procissão que chama muito povo e congrega autoridades e organizações religiosas e civis. Admito que tal manifestação religiosa pode oferecer leituras diferentes a crentes e não crentes. Mas já ninguém se atreve a negar a relevância cultural de uma festa que, desde a sua origem, obteve o apoio do do rei e a devoção do povo em Portugal.
Comentários para quê?! Tanta falta de sensibilidade política para a cultura já não espanta...



"Uma das mais antigas procissões de Lisboa, a do Corpo de Deus, foi instituída pelo Papa Urbano IV em 1264. Portugal foi um dos primeiros países a aderir à solenidade e em Lisboa, já se fazia a procissão no reinado de D. João I (1385-1433), sendo já conhecida pela pompa e pela imponência que manteve ao longo dos séculos, conjugando-se o manto real das majestades com as fardas das altas patentes do exército e da armada, ao mesmo tempo que o povo se juntava para ver a imagem de São Jorge.Sempre em Junho, a festa tinha o seu início no Castelo de São Jorge, onde a imagem do santo era colocada sobre um cavalo e percorria as ruas da cidade guardada pelo seu pajem e pelo seu escudeiro, o "homem de ferro", que segurava o estandarte de São Jorge, o padroeiro da cidade e defensor da fé cristã. Geralmente, o escudeiro era um soldado da cavalaria, designado para vestir a pesada armadura e para zelar pelo ouro e pedras preciosas que revestiam o chapéu e os trajes de São Jorge. Os criados do Paço ajudavam no transporte do santo, ao mesmo tempo que trombetas e tambores eram tocados, acompanhando a procissão.
Procissão do Corpo de Deus a sair da Sé de Lisboa, Joshua Benoliel, 1908, Arquivo Municipal de Lisboa, AFML - A3805
Quando o cortejo chegava à Catedral, era celebrada uma missa onde o Cardeal Patriarca elevava a custódia (corpo de Deus), aos presentes e a preparava para que, finda a celebração, emergisse à porta da igreja sob um mágnífico pálio, rodeado por Suas Majestades e pela nobreza, formando-se a procissão, no qual o rei e os infantes tomavam uma das varas (geralmente a primeira da direita), sendo as restantes destinadas ao Presidente do Senado da Câmara e à antiga nobreza.A procissão prosseguia o seu caminho passando pela Igreja de Santo António e pela Madalena até à baixa, percorrendo as suas principais ruas de onde partia para regressar de novo à Sé.
Anualmente, a festa do Corpo de Deus é celebrada em Portugal e em Lisboa, hoje em dia, a procissão parte dos Paços do Concelho no Largo do Município, onde é celebrada missa e dirige-se para a Sé Catedral."

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Inês de Castro, história e mito



Inês de Castro, um tema nunca esgotado. Realidade e mito traduzidos em diversos géneros em Portugal, na Europa e ... no Mundo.

Confrontar a pesquisa e a produção artística é também atravessar o tempo da História...de cada época que vê e reproduz o passado à luz do seu presente. Uma perspectiva historiográfica que poderá tornar ainda mais aliciante a temática "Pedro e Inês".

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Da rainha Isabel II...

Grandes e pequenos detalhes de um longo reinado...

Itália e o pesadelo do terramoto



Vive-se um pesadelo em Itália. Mortes, feridos e destruição é este o cenário da região atingida pelo terramoto.   O medo tomou conta das populações que chora os mortos e a perda dos seus bens. E também a perda irreparável de um património multissecular. Modena, Ferrara, Mirandola... e tantas outras cidades e lugares atingidos.
Por esta hora as réplicas continuam. Sismos menores teimam em lembrar a tragédia que, em  contrapartida,  deu origem a uma enorme onda de solidariedade. É assim a natureza humana quando posta à prova: trabalho e entreajuda de forma gratuita, chegando ao limite do  perigo da própria vida...

quarta-feira, 30 de maio de 2012

terça-feira, 29 de maio de 2012

Sérusier, Le Bois Sacré


Paul Sérusier, Le Bois Sacré (1891-92), Musée des Beaux-Arts, Quimper, France 

O acaso "obrigou-me" a olhar  este quadro, que apresenta um título múltiplo.  Escolhi este: Bois Sacré, ao qual me  apetece chamar "Bosco Sagrado". Será por analogia com  "Bosco Deleitoso", escrito nos finais de XIV ou inícios do século seguinte, a obra de espiritualidade baseada  em Petrarca e S. Bernardo?!
A obra de Paul Sérusier (1864-1927),  pertencente a uma fase  do pós-impressionsimo, assume  novas experiências que hão-de conduzir aos movimentos vanguardistas, tais como  fauvismo,  cubismo e abstraccionimo.  A relação de trabalho com Gauguin explica que Sérusier seja apontado como um dos grandes expoentes dos nabis. Profeta é o significado desta palavra que, sem negar a influência do simbolismo, aprofunda o sentido pleno de modernismo. Assim  remetendo para uma definição sintética, afirmam  que a obra de arte "é o produto final  da expressão visual e sentimental do artista." Nada poderia ser mais claro...

Bois Sacré merece um olhar atento. Evidentemente, perspectivando outros movimentos de vanguarda e, porque não  também uma atitude de pesquisa virada para o passado?! ,Procurar semelhanças entre esta obra e a pintura dos séculos XV e XVI. É só tentar...

Miró em Veneza e não só...



Três exemplares datados de 1925, 1928 e 1939, existentes  no Museu Guggenheim de Veneza. Não será difícil identificar o autor: Joan Miro. A longevidade do Pintor ( 20-04-1893- 25-12-1983 ) transporta-nos às vanguardas do modernismo, incluindo diversas experiências e projectos.

Uma mostra da obra de Miro, o grande pintor do surrealismo. Observar o vídeo é sentir o prazer das formas e das cores...

sábado, 26 de maio de 2012

Concerto de Aranguez


Viagem virtual. Percorrer os jardins de Aranguez, ouvindo o Concerto de Joaquin Rodrigo.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Aline Renoir










No dia 23 de Maio de 1859 nasceu Aline que havia de tornar-se o principal modelo de Pierre Auguste Renoir e, mais tarde, sua esposa e mãe de seus filhos. Coincidiu em beleza e  bondade, a grande inspiradora do pintor  impressionista que, desde cedo, sofreu de artrite reumatóide. As fotografias  permitem adivinhar o sofrimento do Artista que teimosamente continuou a pintar até ao fim dos seus dias. Aline, que dele cuidou com amor e dedicação, precedeu-o na morte em 1915.  Pierre-Auguste, vítima de pneumonia, faleceu quatro anos depois. 

terça-feira, 22 de maio de 2012

Camões agradece


Nunca ser esquecido... Desejo de quase todos, embora só alguns usufruam desse direito. Camões merece-o. Ei-lo do alto do pedestal, onde o colocaram no já distante ano de 1867, olhando ao redor. Pose majestática ( não fosse ele o rei dos poetas!), Camões a todos acolhe. Transeuntes de passagem e grupos em manifestação que recorrem à sua memória para expressar indignação.
O  Largo de Camões configurou sempre  o centro da contestação política. Desde 1880, Camões serviu os interesses republicanos que a ele recorreram  na última fase da Monarquia e mesmo depois de  implantado o novo regime. Durante o Estado Novo existiram igualmente manifestações de grande relevância, as quais adquiriram um novo fôlego nos dias que correm. 

Esta tarde passei pelo Camões e daí este regresso ao significado político-social desta Praça. Ali próximo, observa-se a estátua de dois outros poetas -  Chiado e Fernando Pessoa -, cujas obras apresentam pontos comuns: o amor à patria, o sentir humano, a crítica social e política. Por esta coincidência, não admira a preferência pelo Chiado, um espaço de memória colectiva, onde ecoa a voz dos que clamaram contra o peso das injustiças, reclamando um mundo melhor!