quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Obama, o presidente


Também quero falar acerca do assunto do momento: a eleição de Obama. Acontecimento histórico que, até ao final de 2007, parecia impensável...
Que razões poderão explicar a preferência por este candidato à presidência dos Estados Unidos? Uma simpatia à escala global, pois não foi Obama calorosamente aplaudido na fria Alemanha?

Vendo, ouvindo e lendo, aponto uma conjunção de factores. Em primeiro lugar, o sentimento de insatisfação relativamente à política da administração Bush. Duas frentes de guerra (Iraque e o problema do Afeganistão, sem fim à vista) criaram uma onda crítica e de indignação que se avolumou quando os efeitos da crise financeira e económica recaíram sobre as famílias.

O desemprego e a incapacidade de cumprir os encargos financeiros atiraram muitos americanos para a rua, trocando o conforto de uma casa (que não podem pagar) por um "alojamento num carro" num qualquer parque de estacionamento. Uma imagem vista na Califórnia e que, nós europeus, julgávamos impossível na "rica América".

Então, a mensagem de Obama assumia um carácter messiânico: o progresso e a esperança. A ideia-chave tornou-se slogan de campanha: We can, a crença na vontade de vencer. Discurso cativante para as classes médias, sectores mais humildes e um número crescente de outros sectores até aí afectos ao partido republicano.

O verbo fácil de Obama dava-lhe a vitória no confronto com McCaine. Este, ainda que reconhecido como grande patriota, contava com dois pontos negativos: a idade e uma inexperiente candidata à vice-presidência. Manifestamente uma parceria negativa, tanto mais grave se viesse a acontecer a incapacidade de Mac Caine. Então, seria a subida de uma mulher à presidência dos Estados-Unidos...uma ideia para a qual os americanos ainda não parecem estar preparados. Enfim, o "achado" da escolha de uma mulher saíu gorado!

Mas esta campanha não foi isenta de dificuldades: a cor da pele do candidato, o nome, a desconfiança relativamente ao seu credo religioso e ainda acusações de relacionamento com elementos próximos de terrorismo...
Quanto mais o ambiente financeiro e social se degradava, mais aliciante e oportuno era o discurso da mudança. E assim, aos poucos, os obstáculos foram sendo ultrapassados. A eleição seria certa ...era o que diziam as sondagens. Ou então, as previsões de nada servem! E entre o teste às sondagens e o receio de algum imprevisto, o triunfo chegou!

Uma campanha eleitoral bem montada rendibilizou recursos financeiros e técnicos, garantindo o voto dos democratas, das minorias e dos jovens. Por fim, a passagem de personalidades influentes do partido republicano.

Uma nota final para a grande evolução deste país que, nascido do movimento liberal, conheceu ainda o sistema esclavagista. Longa e lenta caminhada que vai da libertação dos escravos (1863), à concessão de direitos políticos aos negros (1965) até à eleição de um negro como Presidente da República.

Lincoln, John Kennedy, Martin Luther King e Bob Kennedy: nomes sonantes de uma luta que foi ganha com sangue. Vidas sofridas de leaders e gente anónima que a memória perpetua, daí a expressão daqueles rostos negros, de lágrimas sentidas em noite de vitória....
Oxalá Obama seja feliz e não conheça a morte violenta daqueles seus antecessores!

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