segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Guerra, outra vez?


Um mapa centrado na antiga Palestina, um espaço considerado sagrado para judeus, cristãos e muçulmanos, embora isso não invalide confrontos e guerras.

O fim da II Guerra Mundial e a decisão da ONU em criar o Estado de Israel não esmoreceu rivalidades, antes agudizou tensões entre palestinianos e israelitas. Desde o final da década de 1940 aos nossos dias, perdeu-se o conto a actos de terrorismo e guerras que, todavia, extravasam a mera conflitualidade entre as partes da região. Conflitos que resultam do prolongamento de rivalidades gerais, primeiro das super potências em guerra fria e ainda do confronto entre o mundo muçulmano e o Ocidente.

Uma onda de radicalismo extremo varre o nosso mundo e, sem entrar no debate de "choque de civilizações", pergunta-se como é possível assistir ao fracasso de tantos planos de paz e acordos para o Médio Oriente? Como entender a existência de tantos mortos inocentes e a acção meritória de tantos políticos, alguns dos quais pagaram com o sacrifício da própria vida ?...

Pensava em tudo isto neste final de ano, quando a guerra voltou, de novo, à Faixa de Gaza. Não será mesmo possível o entendimento na região? Alguém pensa no sacrifício das populações inocentes? Qual a reacção internacional?

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Maloff, D.Branca e afins

A imagem ganhou visibilidade a nível global: Bernard Mallof, um dinossauro de Wall Street que, desde a década de 1960, criou e dirigiu uma complexa organização de investimentos num processo "em pirâmide" que os estudiosos chamam esquema Ponzi.

Nada mais simples. Prometendo juros muito acima do mercado de capitais, foi atraindo novos investidores e com estas entradas de dinheiro pagava pontualmente aos antigos investidores num processo contínuo e que parecia não ter fim. Durante muito tempo, o esquema funcionou para satisfação de todos os que tinham auferido boas taxas de rendibilidade... até que há poucos dias o escândalo rebentou...

Em Portugal já tivemos a D. Branca na década de 1980, um caso muito falado que até deu origem a uma telenovela. Tudo à nossa dimensão, nada comparável a esta mega fraude, um negócio de muitos biliões com repercussão global. Em toda a parte, milionários, príncipes, banqueiros e instituições de solidariedade confiaram nesses apetecíveis investimentos. Porquê?

As notícias sugerem a personalidade de Madoff: afável, respeitável e de fino trato captava a simpatia de personalidades da alta roda que, por seu turno, traziam outros amigos. Foi-se formando uma espécie de "clube privado" das elites mundiais que, sem perceber nada acerca da engrenagem da organização, continuava a investir.

No entanto, sabe-se que já há muito circulavam boatos acerca de Madoff. As suspeitas chegaram mesmo a traduzir-se em démarches dos serviços da supervisão da Bolsa de Nova Iorque, mas sem resultados conclusivos.

Observando o que se passa com Madoff, fui levada a pensar em Portugal e na similitude de estratégias e comportamentos. Já ouvi falar num "Madoff português" e vejo também a revolta dos investidores contra os banqueiros...

Afinal, copia-se tudo. O modelo americano sempre teve muita força!...

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Fábrica de Faianças Bordalo Pinheiro

Conhecem o Zé Povinho?
Personagem criada por Rafael Bordalo Pinheiro que, desde 1875, tem servido como instrumento de crítica social e política. Contribuiu para a queda da Monarquia, atravessou a República, os anos do Estado Novo, o 25 de Abril e os nossos dias...

A imagem de homem "paciente, crédulo, submisso, manso, apático, indiferente, abulico, e solitário" manifesta também uma esperteza e ironias surpreendentes. Retratado em diversas poses e e materiais, o Zé Povinho casa bem com a Maria Paciência, a companheira perfeita...

Estas figuras do " património público" e muitas outras ficarão para sempre associados às Caldas da Rainha e à Fábrica de Faianças Bordalo Pinheiro, um lugar quase obrigatório no roteiro cultural, após a visita aos Museus do Parque. Pois, a Fábrica corre o risco de fechar portas. Notícia que passaria despercebida nos nossos dias, caso não fosse esta a última fábrica do ramo existente na cidade.

Será que que se esgotaram todos os meios para salvar a Bordalo Pinheiro? Se não, resta-nos admirar as peças existentes em Museus e na nossa casa. Para conhecer e preservar a memória ocorreu, em 2005, uma exposição comemorativa que o Jornal Oeste noticiou.

“Rafael Bordalo Pinheiro e a Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha (1884-1905) ” é o título da exposição que vai inaugurar no Museu de Cerâmica, em Caldas da Rainha, no próximo dia 2 de Julho, pelas 16.30 h, e se integra no Programa das Comemorações do Primeiro Centenário da Morte de Rafael Bordalo Pinheiro (21 de Janeiro de 1846 - 23 de Janeiro de 1905).

A mostra, que estará patente ao público até final de Outubro, refere o projecto da Faianças da Fábrica desde a sua criação, em 1884, até à sua falência, em 1905, e aborda, através de vários painéis com fotografias, equipamentos e peças, os principais aspectos da vida da Fábrica: recriando os espaços físicos, funcionamento, operariado, maquinaria e a produção cerâmica artística, comum e de materiais de construção.

A génese da Fábrica data de 1883, ano em foi apresentado um projecto industrial cerâmico de grande envergadura para as Caldas da Rainha, baseado na introdução de novas tecnologias, próprias da revolução industrial e na adopção de um modelo de financiamento (subscrição pública de acções) e de gestão (gestão separada da propriedade) modernos.

Os estatutos da empresa Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha foram registados em Junho de 1884, em Lisboa, onde a empresa teria a sua sede social. A direcção económica e organizativa foi atribuída a Feliciano Bordalo Pinheiro e a direcção técnico-artística a Rafael Bordalo Pinheiro o qual desenvolveu uma produção cerâmica admirável que o consagrou definitivamente e elevou a cerâmica caldense a um lugar de destaque no panorama nacional e internacional."


terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Corre Caballito




Canção popular da Venezuela para saudar o nascimento do Menino Jesus.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Menino Jesus e o Poeta




Maria Bethânia, interpretando Menino Jesus, um retrato criado pela imaginação poética de Fernando Pessoa.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Passar pela Escola


Almoço de Natal da Escola, encontro de confraternização entre professores e funcionários (incluindo os já aposentados) que, por tradição, é também o momento de homenagear os "novos aposentados". E este ano foi elevado o número dos que requereram a aposentação...

Cerimónia particularmente tocante pelos fortes aplausos de velhos e novos que assim se despediam de professores que, desde há muitos anos, se habituaram a ter como amigos. Emoção contida, mal disfarçada pelas palmas ou por um ou outro dito de "vê lá se choras"...o certo é que as lágrimas afloravam.

Passei pela escola, andei na escola... expressões usados por alunos e professores que encerram muitas recordações. Só que o verbo "passar" envolve conotações de diferentes graus: passagem casual e rápida ou prolongada e intensa. Nisso reside a diferença. Por esta Escola passei vinte cinco anos, mais ou menos um terço da vida, que me marcaram indelevelmente. Gerações de alunos, colegas e funcionários, momentos bons e outros menos agradáveis ...a lembrança de um tempo pessoal e da História.

E daí a comoção nesta tarde, na "hora da despedida" daqueles com quem convivi tantos anos. Mas não vão faltar "encontros", a começar no Clube de Leitura e na Associação. Estamos todos convidados!

Quer viver mais dez anos?


A felicidade é um bem precioso que todos queremos conquistar, guardar e, se possível, aumentar. Bem particularmente lembrado por este tempo, quando tanta gente nos deseja "boas festas de Natal e Ano Novo"...

Sendo a felicidade um conceito relativo, manda a objectividade que olhemos à nossa volta, e aí as nossas "pequenas coisas" deixam de fazer sentido. Esta é a minha regra de vida que, devo dizer, procuro seguir à risca.

Por coincidência, recebi uma mensagem que, partindo de diferentes situações de pobreza e solidão no mundo, apela à nossa condição de "pessoas felizes". Aceitemos, pois, as nossas limitações e viva a felicidade!

Para consolo de todos, anuncio que esse é o primeiro passo da longevidade. Se não acreditam, vejam a "receita" que encontrei num jornal diário.



Eis a ciência da felicidade

Quem a segue diz que dez anos a mais de vida estão garantidos. Trata-se da ciência da felicidade, uma maneira de estar que pretende atirar para trás das costas tudo o que é energia negativa. Os adeptos desta filosofia dizem que os ingredientes são apenas três: ter alegria, generosidade e capacidade de perdão .


24 horas, 18 de Dezembro 2008

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Sinalética curiosa


Ao consultar o blog de José Milhazes, grande especialista do "mundo ex-soviético", encontrei esta fotografia de sua autoria. Sinal que, não sendo de trânsito, é destinado aos transeuntes numa estação ferroviária de Tallin, capital da Estónia.

Sinal afixado, em lugar discreto, mas que não deve escapar à vigilância das autoridades a quem cabe aplicar a multa de 10 000 coroas estónias (cerca de 666 euros) a todo o prevaricador. Pesado castigo...

Não deixa de ser espantoso como isto ainda acontece nos nossos dias! Talvez, vestígios de outros tempos na URSS, onde escasseava tudo até o papel higiénico nas casas de banho do hotel. Experiência vivida em 1984, ainda será assim?


quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

António Lobo Antunes


Sempre admirei o génio criativo dos artistas: pintores, escultores, músicos, escritores...
Mas ser original não é coisa fácil, requer imaginação, trabalho e muita persistência. Às vezes, acabada uma obra, sente-se a exaustão e angústia ...face à obrigação de continuar a produzir.

Entendo bem o que isso representa para um actor ou um escritor. Para o primeiro é o corte com uma personagem que, durante muito tempo (dias, meses ou até anos), corporizou no palco e, quantas vezes, diariamente o acompanhou. No segundo caso, acontece algo semelhante com a libertação da obra do seu criador que concebeu seres de corpo e alma que viveram uma trama onde as virtudes se misturaram com os vícios. Mas publicado, o livro escapou da mão do autor, pertence ao mundo.

E é, então, o momento do vazio do escritor, angustiado pela necessidade de produzir mais... será ilimitada a criatividade?

Poucos autores gostam tanto de falar do seu ofício como António Lobo Antunes. Da necessidade de escrever e das angústias e penas desse trabalho, mesmo que, para ele, a fonte da inspiração ainda não tenha secado. É um extracto desse misto de desabafo-confissão que transcrevo.



"Hoje, dia um de Novembro de dois mil e oito, sábado às treze e dez, acabei a primeira versão do livro, o que sifgnifica que falta escrever tudo não mencionando o trabalho de corte e costura e o frete do professor de Português a corrigir um teste que não lhe agrada até ficar em paz com ele. Depois batem no computador, emendo, volta ao computador, torno a emendar e andamos meses nisto. Ao achar-me contente com o material emendo mais, ao achar-me muito contente emendo ainda, ao achar-me feliz desconfio, ao achar que consegui aquilo que pretendia segue para a máquina e publica-se. A partir desse momento deixa de pertencer-me e começo a esquecê-lo. Ao esquecê-lo de todo principia a longa espera do livro seguinte: virá, não virá? Até agora tem vindo. O medo que não venha, o pavor de haver secado. Rapei o fundo à panela, acabou-se. E a pergunta angustiante: no caso de se ter acabado o que será de mim? Como viver com estas vozes, esta necessidade estranha que desde os sete ou oito anos é a minha razão e o meu sentido? Nunca pensei publicar, aconteceu por acaso, o que me interessava era escrever. (...).


António Lobo Antunes, Crónica com um sorriso no fim in Visão, 4 Dezembro 2008.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Margaridas

Para todas as ocasiões, uma margarida! Flor simples que se multiplica em diferentes espécies e cores, a margarida parece insignificante se comparada com a rosa, mas isso é puro engano. Na verdade, sobressai sempre entre as suas "primas" no jardim e, por isso toda a gente gosta da sua companhia na mesa de trabalho ou na jarra da sala.

Sendo também nome de mulher, quis o acaso que todas as Margaridas minhas conhecidas entrassem nesta descrição. Personalidades fortes e discretas que, no entanto, se afirmam em qualquer lugar. Conto três Amigas com esse nome (quatro até Junho passado), todas diferentes e, ao mesmo tempo, tão parecidas. Sei que posso sempre contar com elas em todos os momentos e isso conforta-me!

Pensava nisto quando saía para comprar um ramo de margaridas para uma Margarida, um pequeno mimo para a Guida que acaba de ser operada ao ombro esquerdo. Uma estúpida queda na rua que muito a tem feito sofrer desde há dois meses, ainda que ela venha suportando tudo com paciência...
Só que, desta vez, não havia margaridas frescas. A opção foram uns bombons, deixando as flores para a próxima visita!

domingo, 14 de dezembro de 2008

Adeste Fideles


Por esta época a música invade o nosso dia a dia, lembrando que é Natal. E entre tantas e tão diversas canções, será sempre difícil escolher a mais bela.

Apesar disso, avanço um nome, Adeste Fideles: uma canção, cuja origem não deixa de ser polémica. Deixo o resultado da pesquisa e, por fim, a transcrição da letra.


"Em relação à autoria da letra e música de "Adeste Fidelis" sempre existiu uma grande controvérsia, sendo atribuída a portugueses, ingleses, franceses, alemães, entre outros. Todos tentam demonstrar através dos poucos factos que existem que o autor da música pertencia ao seu país. Os ingleses, por exemplo, consideram que a "Adeste Fidelis" pertence a John F. Wade, tanto a letra como a música.
Sabe-se que esta música foi cantada na embaixada portuguesa em Londres em 1797.
Muitos consideram que "Adeste Fidelis" é da autoria do rei português D. João IV.

O sucesso da música, fez com que surgissem várias versões desta, em diversas línguas. Entre essas contam-se "O come all ye faithfull", de origem inglesa".


Adeste Fideles
Laeti triumphantes
Venite, venite in Bethlehem
Natum videte
Regem angelorum
Venite adoremus, Venite adoremus,
Venite adoremus, Dominum

Cantet nunc io
Chorus angelorum
Cantet nunc aula caelestium
Gloria, gloria
In excelsis Deo
Venite adoremus, Venite adoremus,
Venite adoremus, Dominum

Ergo qui natus
Die hodierna
Jesu, tibi sit gloria
Patris aeterni
Verbum caro factus
Venite adoremus, Venite adoremus,
Venite adoremus, Dominum.

Vem aí o Natal

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A força da família

Calendário azteca

Para mim, o calendário funciona como uma campainha. Cada dia é um toque a indicar deveres e a avivar memórias. Às vezes, estas sobrepõem-se ao presente como aconteceu hoje.

Lembrança deste dia no ano de 1951 quando o meu avô Francisco, saindo do hospital em Lisboa, regressou a casa para morrer. Era já noite e, embora sendo criança ( ou talvez por isso ) lembro-me bem da confusão vivida nesse momento: a ambulância parada, piscando e os movimentos rápidos e silenciosos dos bombeiros e do enfermeiro de bata branca que segurava um balão de oxigénio...

E, passadas poucas horas, o meu avô falecia na sequência da insuficiência cardíaca que o tinha levado ao internamento no Hospital de Santa Marta. Repetidas vezes, ouvi contar esses momentos finais do meu avô que, pedindo mais oxigénio, recomendava aos filhos que fossem "sempre sérios". Essa preocupação pela honestidade acompanhou-o ao longo de toda a vida e creio que os filhos souberam sempre respeitar o seu pedido.

Gostava muito do meu avô que todos consideravam um homem recto e bondoso. Das histórias que contava pouco recordo, ainda que as conheça de cor, tantas vezes os meus pais e tios as referiram. Pessoa respeitável que nunca precisou de levantar a voz para se impor, embora gostasse muito de conviver.

Quis deixar esta mensagem para que os mais novos saibam alguma coisa do avô, dado que a maioria dos meus primos nasceu já depois da sua morte. Lembrar uma herança que nunca se esgota, a honestidade no trabalho e na palavra: valores mais importantes que uma grande fortuna.

Mais tarde, percebi que o meu avô teve a melhor assistência possível no hospital, onde pontificava um médico famoso, o Professor Eduardo Coelho. À distância do tempo, creio que os recursos actuais da medicina talvez lhe pudessem ter prolongado a vida!

E hoje, quando já passei a idade do meu avô, graças ao crescente aumento da esperança de vida, apetece-me "parar para balanço". Que valores deixo à minha família? Será que soube cumprir a vontade do meu avô? E, por outro lado, que afecto mereço dos mais novos?

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Imaculada Conceição

Nossa Senhora da Conceição, Vila Viçosa

O culto a Maria manifesta-se de muitas e diferentes maneiras: canções, santuários, romarias...uma devoção que, desde a Idade a Média, persiste até aos nossos dias.

Em Portugal, quase todos os reis deixaram o seu nome ligado à devoção a Nossa Senhora. O curioso é que, passado poucos dias sobre o dia da Restauração, o feriado de hoje remete igualmente para a memória do Monarca-restaurador.

Data de 25 de Março de 1646, festa da Anunciação, a solene proclamação de Nossa Senhora como padroeira de Portugal, uma cerimónia corporizada na imagem de Nossa Senhora da Conceição, em Vila Viçosa. Com esse acto quis o rei D. João IV entregar o símbolo do poder a Maria, abstendo-se, ele próprio, de ostentar a coroa.

E desde então, o exemplo foi seguido. Todos os monarcas passaram a figurar com a coroa sobre uma mesa, um tamborete ou almofada de veludo. Uma nota para observar em todos os retratos régios.

Natal antecipado

Às vezes a realidade excede as expectativas. Assim aconteceu com a Natália que desembarcou em Portugal no final do Verão, sofrendo de um tumor cerebral que impedia o seu normal desenvolvimento. A operação foi um êxito e, passados cerca de três meses no Porto, a menina pôde regressar a Timor.

A sua chegada teve honras de acontecimento: familiares saudosos e autoridades associaram-se à felicidade da pequenita que, no nosso país, aprendeu a falar Português e a brincar com outras crianças da sua idade. Mas, comprensivelmente, isso não impediu as saudades da sua terra.

Em Maio há-de voltar para exames de controlo, mas até lá é tempo de desfrutar do aconchego da casa, do mimo da mãe, festejando o "milagre" da medicina. Essa foi a melhor prenda de Natal, que todos pediam, e alcançaram...

Para esta família, que as imagens retratam como "gente feliz com lágrimas", quero desejar um bom Natal!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Carta a um homem inteligente...,

A actualidade bancária não pára de surpreender e, eu se eu fosse dada a grandes reflexões, poderia dizer muita coisa. Assim, opto pela escrita de outros, supostamente bem informados e que expõem com clareza os problemas.

Tudo isto para registar o comentário de Nicolau Santos. Passo à transcrição de alguns extractos.


"Carta a um homem inteligente, meticuloso e cuidadoso

Manuel Dias Loureiro é, indiscutivelmente, um homem inteligente, trabalhador e competente. Por isso se tornoui um dos mais importantes militantes do PSD, chegando a secretário-geral dos sociais-democratas. Por iso se tornou um dos pilares do chamado cavaquismo,, exercendo bem os cargos político-ministeriais que ocupou. Por isso, após ter abandonado a política, se tornou num importante homem de negócios de sucesso. Rico no dizer de alguns. Com uma vida confortável, segundo o próprio.

Ninguém consegue uma carreira assim sem ser meticuloso e cuidadoso: no primeiro caso tomando nota de todos os factos que possam vir a ser relevantes para esclarecer o passado ou iluminar o futuro; no segundo escolhendo as companhias que permitam chegar ao topo da montanha.

No caso do Banco Português de Negócios, Dias Loureiro diz certamente a verdade - a sua verdade. Mas há factos que, pelo menos, a contraditam. Vejamos.

(segue-se o desenvolvimento de quatro contradições) (...)

Ora, um homem inteligente, meticuloso e cuidadoso não se dá com pessoas como o senhor Hoyos; muito menos propõe negócios com tais pessoas; e ainda menos em operações através de de zonas "offshore". Dias Loureiro tem, pois, de se esforçar um pouco mais nas explicações para nos provar que merece continuar a ocupar o alto cargo de conselheiro do Estado da República Portuguesa. Ou que passou a ter uma vida confortável, nas suas palavras, exclusivamente como resultado do seu enorme talento e do seu inusitado esforço. Porque como escreveu Pacheco Pereira na "Sábado", "ficar milionário do nada, tornar-se um grande capitão de negócios "ex-nihilo", um superadvogado de grandes negócios, um dono de empresas valendo milhões, isso é impossível com um salário de deputado ou ministro".

Expresso, Caderno de Economia, 29 Novembro 2008


Ottorino Respighi




Pini de Roma, Pinheiros de Roma,poema sinfónico de Ottorino Respighi (1879-1936), obra que nos transporta ao espaço da "cidade eterna": Villa Borghese,Catacumba, Janículo e Via Appia.

Fica um registo para despertar o apetite para mais...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Veneza...


Por estes dias de Outono, que mais parecem de um Inverno rigoroso, Veneza também não escapa aos efeitos do mau tempo.
Na Praça de S. Marcos, transformada num imenso lago em comunicação com novos canais ( "ruas" no resto do ano ), circula-se agora de gôndola...

É o resultado da subida da maré ou "acqua alta" como dirão os italianos. Para registo destas variações climatéricas, fica a notícia.

"Há 30 anos que o nível de água do mar não subia tanto em Veneza. A cidade italiana está em estado de alerta e o centro das marés prevê que durante a tarde desta segunda-feira a água atinja 1,60 acima do normal.

Esta manhã, as principais ruas da cidade estão inundadas e na Praça de São Marcos só se circula de gôndola.

Recorde-se que a pior situação aconteceu em 1966, quando o nível da água chegou aos quase dois metros."


In Internet, TSF

Restauração


Lisboa nos meados do século XVII (época de D. João IV)

Neste dia 1º de Dezembro, feriado nacional, não podia deixar de falar da Restauração. Nesse longínquo 1640, um grupo de "conjurados" fez valer a vontade de romper com a Espanha e recuperar a independência deste pequeno país no extremo mais ocidental da Europa...

Tempos houve em que outros quiseram voltar a uma "União Ibérica", mas valeu o orgulho de um Portugal livre. Outrora, este acontecimento assinalava-se com um desfile dos meninos do Colégio Militar pela Avenida da Liberdade, mas tudo muda e, estando hoje na União Europeia, isso perdeu sentido. Tudo bem, desde que a data não se apague do calendário das festas nacionais.

Só festejamos as vitórias ( nunca as derrotas ) e só destes acontecimentos se faz a memória histórica. Talvez valha a pena reflectir nesta evolução de "acontecimentos comemorativos", muitos dos quais se vão esbatendo: 5 de Outubro e até um outro feriado mais recente, o 25 de Abril.

A propósito destes "festejos vitoriosos" não esqueço o espanto dos espanhóis que, neste dia, perguntavam a causa da invasão de tantos portugueses aos grandes armazéns de Sevilha ou de Badajoz. E com que orgulho, nós portugueses, explicávamos...

Passou-se assim comigo. Foi num dia 1º de Dezembro (não sei de que ano) que conheci Sevilha... muito frio no hotel, apenas compensado pelas compras nos Preciados.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Portugueses felizes?


A felicidade é como as bolas de sabão, que todos fizemos (ou ainda fazemos): bela e fluída, mas dura pouco.
Vem isto a propósito de uma notícia recente que aponta os portugueses entre os menos satisfeitos da Europa. Ao contrário, os nórdicos mantém-se optimistas.



"Um estudo divulgado esta semana pela Comissão Europeia mostra que os portugueses são o terceiro povo mais infeliz da Europa.

O trabalho efectuado pela European Foundation for the Improvement of Living and Working Conditions revela que o índice de felicidade das pessoas em Portugal encontra-se nos 6,6 pontos.
A escala de medição variava entre os 0 e os 10.De acordo com o estudo, os povos com maior índice de satisfação são os dinamarqueses, com 8,5, seguindo-se os suecos (8,3) e os finlandeses e noruegueses, ambos com um índice de 8,2.
Em termos de índice de satisfação de vida, os portugueses ocupam o quinto pior lugar, juntamente com a Turquia (6,2), apenas à frente dos povos búlgaros, macedónios, húngaros e da Letónia.
Segundo refere o Diário Digital, mais de metade dos inquiridos em Portugal, Itália e França, admitem estar pessimistas face ao futuro."

Japão, a pátria do sorriso

Mais uma vez, recorro a Wenceslau de Moraes; agora para falar da importância do sorriso no Japão.

Em todas as circunstâncias da vida, o japonês sorri sempre, pelo menos assim acontecia há cem anos. Mas os europeus residentes nesse país, alteraram esse hábito...como observa ironicamente, em 23 de Junho de 1905, o autor de Cartas do Japão.



"Imaginemos agora que uma criadinha, de tantas que circundam no serviço interno das habitações japonesas, partiu, por descuido, um objecto de valor - um vaso de porcelana, uma figura de marfim; - a criadinha anunciará o caso a seus amos a sorrir-se, querendo assim expressar, entre outras causas, que, reconhecendo a própria falta, se sente prestes a aceitar, sem azedume, a repreensão merecida.

A mesma criadinha, supondo que serviu numa mesma casa durante longos anos, despede-se um belo dia, sob um pretexto qualquer, a sorrir-s; mostra assim que não pensa no próprio desgosto e nas suas atribuições possíveis, mas unicamente se regozija em deixar seus amos em boa saúde e na esperança de que assim vão continuando. (...)
...quero trazer à tela uma cena vulgar qualquer, das muitas que que se passam em casa do estrangeiro residente no Japão. Por exemplo, o criado deixou fugir para a rua um cachorro de alto apreço. O patrão, tremendo em cólera, exclama: _ Boy! ( aqui os serviçais são todos boys, à inglesa) Boy! eu tinha recomendado a máxima atenção com o Gentle!...

O criado sorri. _ "Não te rias insolente; não percebes que que te estou repreendendo?..." O criado sorri mais. _ "É desaforo! ...ris-te de mim? da tua falta?..." O criado ainda mais sorri. Compreende-se o resto: o patrão é, sem dúvida alguma, membro de qualquer clube de sport; propenso ao murro, destro no pontapé; o criado não escapa a um des tes gesto de eloquência, recebeno-o ainda a rir, porque, como a lágrima é defesa ao nipónico, também o é um impeto de furor. No entretanto, convém dizer que o japonês raramente esquece uma afronta, e que não poucas vezes ao sorriso cortês sucede, oportunamente, a desforra terrível ... (...)

Acrescentarei finalmente que, para satisfação da colónia europeia no Japão, já se vai formando aqui como que um sindicato de criados e de criadas de servir, de vendilhões, de mercadores e de outros, todos deestinados ao uso exclusivo da mesma colónia, e com a virtude de não se rirem nunca; têm, além disto, o merecimento de se exprimirem em inglês e de adoptarem uma postura ocidental, cheirando a Londres e a Chicago. Estas constituem a cáfila dos verdadeiros parasitas do estrangeiro; odiando-o mais profundamente do que os outros indígenas, mas arremedando-lhe as maneiras, no intuito de explorá-lo com proveito. Eu prefiro, em todo o caso, a esta sisudez o sorriso nacional. "

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Bombaim

Ataque terrorista a Bombaim esta noite.
Mais uma vez, um grande hotel destruído pelo terror bombista. Mas não só, visto que outros espaços frequentados por turistas foram também alvo desta violenta ofensiva destruidora. Uma carnificina sem nome.

O Taj Mhal Hotel que muitos conheciam transformou-se num monte de escombros. Dezenas de mortos ( ainda sem uma avaliação final), centenas de feridos e ainda muitos sequestrados.

Não podemos criar insensibilidade a este género de notícias que, infelizmente, assume uma frequência inusitada. Para nós, portugueses, a certeza da nossa diáspora que também aqui deixou vítimas, pelo menos entre os sequestrados...



Cinco portugueses entre os sequestrados no Hotel Taj Mahal
Hoje às 22:17

Pelo menos cinco portugueses estiveram retidos no Hotel Taj Mahal, em Bombain, durante o ataque ao edifício. Segundo uma cidadã portuguesa, as cerca de 200 pessoas retidas naquele espaço já foram libertadas. Entretanto, a televisão Sky News avançou que existem cerca de 900 feridos, para além dos 78 mortos confirmados pelas autoridades locais.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros informou, esta quarta-feira, a TSF que a embaixada de Portugal em Nova Deli foi contactada por uma portuguesa que esteve retida no Hotel Taj Mahal durante o sequestro levado a cabo por um grupo de homens armados.

Segundo aquela cidadã, pelo menos 200 pessoas estavam retidas naquele espaço, sendo que todas foram entretanto libertadas.
A portuguesa informou ainda o Ministério dos Negócios Estrangeiros que os cinco portugueses ficaram sem qualquer documentação.
A tutela ressalvou ainda que nenhuma destas confirmações foi oficialmente confirmada.

O Governo português já desaconselhou qualquer viagem para a Índia.

No entanto, a CNN avança que ainda existe num número indeterminado de turistas, sobretudo ingleses e norte-americanos, retidos dentro dos hotéis Taj Mahal e Oberoi.
Pelo que pode ver-se nas imagens das televisões CNN e SKY News, os andares superiores do Hotel Taj Mahal estão em chamas.
Os dados oficiais dão conta de que os vários ataques em Bombain fizeram pelo menos 78 mortos, mas a televisão Sky News avançou que existem cerca de 900 feridos.
Ao início da noite, quando era madrugada naquela zona da Índia, um grupo de homens atacou sete ou oito alvos, quase todos parte do roteiro turístico da cidade.
O governo indiano informou também que foram mortos quatro atacantes e detidos outros nove.

A comunidade internacional, a uma voz, apressou-se a condenar estes atentados.Segundo aquela cidadã, pelo menos 200 pessoas estavam retidas naquele espaço

Notícia da TSF

Benjamin Britten




Ninguém escapa ao hábito de associar datas a sinais de bom prenúncio. Razão mais auspiciosa será a que vier adscrita a uma personalidade relevante ou virtuosa.
Vem isto a propósito da passagem do dia de Santa Cecília, protectora dos músicos...

Ora, por coincidência, 22 de Novembro foi também o dia do nascimento de um grande músico inglês, Benjamin Britten. Feliz acontecimento no ano de 1913 que, de certo, não teria passado despercebido a familiares e amigos. E entre o prenúncio e o desejo, o futuro depressa confirmava a grande intuição musical do menino.

A manifestação precoce do seu talento deu-lhe fama e prestígio. Trabalhou na América, mas regressou à pátria quando os bombardeamentos diários atingiam Londres durante a II Guerra Mundial. Nesta cidade morreu em 1976.

Manteve uma actividade diversificada em muitos géneros: música sacra e música profana que produziu para grandes acontecimentos e actos de "pompa e circunstância". Trabalhou muito para cinema e, como seria de esperar, deixou também o seu nome associado a Santa Cecília.

Atendendo à época, registo uma interpretação do grupo Haarlem Voices, um tema natalício This little Babe...

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Natal à vista...

Na Madeira o Presépio configura-se na Lapinha: uma composição religiosa com elementos do quotidiano local, semelhante aos "tronos" de Santo António.

No presente caso, observe-se que, tendo já passado a fase de recém-nascido, o Menino assemelha-se mais à imagem do "Menino Jesus de Praga" ... e é dessa forma que o povo madeirense aprecia o seu Presépio.

O calendário aponta a proximidade do Natal, uma festa que me traz sempre alguma nostalgia. Lembranças de outros "natais": família maior, menos exigente materialmente e mais feliz...

Mudam os tempos, mudamos nós e, naturalmente, aceite-se a mudança. Não obstante, seja-me permitido recordar a nostalgia do Natal pela voz de David Mourão Ferreira, o poeta que bem soube interpretar este sentimento da mudança e da partida...


Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro
Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido
Há-de vir um Natal e será o primeiro
cêem que o Nada retome a cor do Infinito vir
David Mourão Ferreira

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Alunos portugueses


Escola fechada a cadeado, uma imagem recorrente em Portugal. Todos alegam razões e assim Ministério, professores, alunos e famílias continuam sem entendimento.

Uma questão civilizacional do mundo desenvolvido que, no nosso país, parece agudizar-se. A falta de autoridade dos professores perdeu-se, como Javier Urra observou.


"Em Portugal reparámos que há muitos problemas nas escolas, há uma grande falta de respeito do aluno face ao professor e os pais intervêm para se porem do lado dos filhos."



In Revista Única, 22 de Novembro 2008




sábado, 22 de novembro de 2008

Ambrósios...


Conhecem os ambrósios?

Creio que não. Mas é este o nome que, entre a família mais próxima, identifica a marca de bombons mais popular do mercado...

E tudo isto por efeito da Publicidade. Lembrados estão, por certo, daquela senhora vestida de amarelo "ferrero rocher" a quem apetecia tomar algo...Essa mesmo.

Pois, hoje quando fui ao supermercado, deixei-me tentar. E que bem me soube, depois do almoço, saborear esses chocolates que associo sempre à voz de Canto e Castro no referido anúncio...


Que assunto tão banal neste sábado de Sol e com tantos e tão importantes assuntos para escrever! Verdade. Mas, por favor, deixem-me saborear o meu chocolate.


sexta-feira, 21 de novembro de 2008

John Kennedy


John Fitzgerald Kennedy (29 de maio de 1917 – 22 de novembro de 1963) XXXV presidente dos Estados Unidos da América


John Kennedy, tornou-se, aos 43 anos, o mais jovem presidente dos EUA.
A eleição correspondia a uma onda de esperança para os americanos e para o Mundo. O seu consulado não teve, porém, um final feliz. E é a passagem do seu assassinato em 22 de Novembro, em Dallas, que hoje se assinala. Passaram já 45 anos...


Também em 1960 se acreditava numa "presidência de mudança". A prioridade recaía na questão dos direitos humanos, na justiça social e na luta contra a corrupção. A nível externo, John Kennedy alimentava ainda as esperanças dos países do Terceiro Mundo e dos territórios coloniais.

Numa conjuntura de guerra fria, o novo e jovem Presidente sofreu o afrontamento da URSS em crises bem conhecidas: a questão de Cuba e dos mísseis soviéticos e a construção do Muro de Berlim.

Enfrentando com determinação a URSS, embora consciente do perigo nuclear, Kennedy estabeleceu uma linha de comunicação directa com Moscovo (de Khuschev): o chamado "telefone vermelho".


Na primeira visita à Europa deteve-se junto ao Muro de Berlim, onde se proclamou "berlinense", uma frase emblemática que, desde então, tem sido muito glosada...


Pelo discurso fácil e carismático, John Kennedy continuará a ser lembrado. Seguem-se algumas das suas mais célebres afirmações que, naturalmente, merecem ser objecto de reflexão.


  • Os problemas do mundo não podem ser resolvidos por cépticos ou cínicos cujos horizontes são limitados por realidades óbvias. Precisamos de homens e mulheres que consigam sonhar com coisas que nunca existiram.




  • Quanto mais aumenta nosso conhecimento, mais evidente fica nossa ignorância.


  • Se formos mudar as coisas de modo como devem ser mudadas, teremos de fazer coisas que não gostaríamos de fazer.


  • Não conheço nenhuma fórmula infalível para obter o sucesso, mas conheço uma forma infalível de fracassar: tentar agradar a todos.Não pergunte o que seu país pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer por seu país.


  • A mudança é a lei da vida. E aqueles que apenas olham para o passado ou para o presente irão com certeza perder o futuro.


  • A vitória tem mil pais, mas a derrota é órfã.


  • Todos nós temos talentos diferentes, mas todos nós gostaríamos de ter iguais oportunidades para desenvolver os nossos talentos.


  • Não é lamentável que só possamos obter a paz preparando-nos para a guerra?

In Internet, Google

Ser livre em Cabo Verde



Quando o mar rodeia todo o espaço, é possível sentir a liberdade?!...
Assim sentem os caboverdianos na expressão poética de António Lobo Antunes.


Crioulo não tem patrão
(coladera)
Ao chegar português disse
trabalha na serração
eu ri na cara do branco
peguei na minha viola
crioulo não tem patrão.

Ao chegar patrício disse
trabalha na construção
eu ri na cara do negro
saí numa coladera
crioulo não tem patrão.

Eles tem casa eu tenho a rua
eles tem sobrado
eles são ricos eu sou pobre
eles são escravos eu sou livre
crioulo não tem patrão.

In António Lobo Antunes, Letrinhas de Cantigas, Dom Quixote

Ensaio sobre a cegueira

Ontem à tarde fui ao cinema: "Ensaio sobre a Cegueira", um filme baseado no livro de José Saramago.

O tema dá para pensar e para debater. Violento sim, mas ninguém pode ficar indiferente...
Numa outra oportunidade hei-de falar do conteúdo e da expressão estética. Por agora, fica a sinopse.

O vencedor do Prêmio Nobel de literatura, José Saramago, e o aclamado diretor Fernando Meirelles (O Jardineiro Fiel, Cidade de Deus) nos trazem a comovente história sobre a humanidade em meio à epidemia de uma misteriosa cegueira.

É uma investigação corajosa da natureza, tanto a boa como a má - sentimentos humanos como egoísmo, oportunismo e indiferença, mas também a capacidade de nos compadecermos, de amarmos e de perseverarmos.

O filme começa num ritmo acelerado, com um homem que perde a visão de um instante para o outro enquanto dirige de casa para o trabalho e que mergulha em uma espécie de névoa leitosa assustadora.

Uma a uma, cada pessoa com quem ele encontra - sua esposa, seu médico, até mesmo o aparentemente bom samaritano que lhe oferece carona para casa terá o mesmo destino. À medida que a doença se espalha, o pânico e a paranóia contagiam a cidade. As novas vítimas da "cegueira branca" são cercadas e colocadas em quarentena num hospício caindo aos pedaços, onde qualquer semelhança com a vida cotidiana começa a desaparecer.

Dentro do hospital isolado, no entanto, há uma testemunha ocular secreta: uma mulher (JULIANNE MOORE, quatro vezes indicada ao Oscar) que não foi contagiada, mas finge estar cega para ficar ao lado de seu amado marido (MARK RUFFALO).

Armada com uma coragem cada vez maior, ela será a líder de uma improvisada família de sete pessoas que sai em uma jornada, atravessando o horror e o amor, a depravação e a incerteza, com o objetivo de fugir do hospital e seguir pela cidade devastada, onde eles buscam uma esperança."

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Calado, porquê?


Ugarit, Alfabeto antigo

Sinais que identificam sons...sons que criam palavras...
Falar muito, falar pouco, calar. Para cada um destes "estados de alma", o povo impõe a sua apareciação.

Muitos são os ditados de elogio ao calado:
. O calado é o melhor;
. Quem muito fala pouco acerta"
. O calado passa por avisado...etc. etc.

Toda a gente já lamentou "ter falado", mas também existe, muitas vezes, arrependimento por "não ter dito" aquilo na hora certa...

É neste dilema entre o "que devia e não devia" ter falado que deixo esta mensagem.
Algumas verdades da sabedoria popular. Dá para meditar!


Não digas tudo quanto sabes
Não faças tudo quanto podes
Não creias em tudo quanto ouves
Não gastes tudo quanto tens

Porque
Quem diz tudo quanto sabe
Quem faz tudo quanto pode
Quem crê em tudo quanto ouve
Quem gasta tudo quanto tem

Muitas vezes diz o que não convém
Faz o que não deve
Julga o que não vê
Gasta o que não pode


Provérbio Árabe in Google, sabedoria popular



domingo, 16 de novembro de 2008

USA, crianças abandonadas

Sinal dos tempos de crise: o abandono de crianças.
Outrora deixava-se a criança na "roda" dos conventos e igrejas ou à porta de alguém com mais posses. Hoje repôs-se o costume, embora num contexto diferente.
Quando as dificuldades sociais apertam, o Estado substitui-se às instituições religiosas e de caridade. Aconteceu assim nos Estados Unidos com a criação de espaços adequados para receber os "abandonados" ( dantes dizia-se enjeitados ).
Entretanto, a polémica estalou. É que nem todos os Estados adoptaram a mesma legislação, um facto que levou muitos pais a percorrer milhares de quilómetros para entregar os filhos a esta nova forma assistencial.
Deixo a transcrição do estado das coisas no final do mês de Outubro.

Adolescente de 17 anos é abandonado em hospital de Nebraska
Da EFE

Washington, 30 out (EFE) - Um adolescente de 17 anos foi abandonado em um hospital de Nebraska sob o amparo de uma lei que exime de processo criminal os pais que deixam os filhos com menos de 19 anos em determinados locais públicos.
Segundo a imprensa local, com este caso já chega a 24 o número de crianças ou jovens abandonados desde que a polêmica legislação foi promulgada, em julho deste ano.
O jovem, de 17 anos, foi abandonado no Hospital de Omaha na quarta-feira à noite.

Nebraska foi o último estado a articular uma legislação de proteção infantil, concebida com o objetivo de dar amparo às crianças quando os pais tiverem dificuldades para criá-las.
A lei substituiu outras normas sobre o abandono de menores que estabeleciam punições por negligência infantil - uma falta menos grave - ou abuso infantil - mais grave.

Desde que a regra entrou em vigor, nenhuma das 24 crianças abandonadas em hospitais era recém-nascidos e três eram inclusive de outros estados.
Isto se deve a que a medida fornece proteção a qualquer "criança", ao entender como tal pessoas com menos de 19 anos.

A ausência de um padrão nacional fez com que os legisladores de Nebraska utilizassem o termo genérico "criança" na lei.
Em Setembro, um homem deixou 11 crianças, nove delas seus filhos, em salas de emergência de dois hospitais de Nebraska.

Pelo menos 15 Estados do país utilizam o limite dos três dias de idade -o mais comum- para aplicar iniciativas parecidas, segundo a National Safe Haven Alliance.
O segundo limite mais utilizado é o dos 30 dias, embora este período mude segundo o estado.

Por exemplo, em Iowa, a idade máxima que um menor pode ter para ser abandonado é de 14 dias, enquanto em Dakota do Sul o limite é fixado em 60 dias de idade. EFE

sábado, 15 de novembro de 2008

Modigliani

Violoncelista

Amedeo Modigliani, (1884-1920), nasceu na Toscana, Itália, e aí fez a sua iniciação artística.
Mas é em Paris que faz carreira. Influenciado por Cézanne e pela arte tradicional africana (então em voga), faz parte das minorias vanguardistas que experimentam novos caminhos.

O cubismo e o expressionismo percorrem a sua obra que, sendo modernista, não se integra verdadeiramente numa escola. A originalidade das figuras longilíneas e da expressividade dos rostos definem o carácter da produção do Artista e da sua mente agitada.

Sofreu grandes privações e viveu também um grande amor. Por fim, deixou-se arrastar pelo alcool e pela droga. Morreu cedo, aos 36 anos.
Casado com uma jovem pintora, Jeanne Hebuterne que, estando grávida, se suicidou no dia em que o marido foi enterrado no cemitério do Père Lachaise.

O percurso de Modigliani merece uma consulta aprofundada. Fica o endereço http://aminarte.blogspot.com/2008/05/biografia-de-amedeo-modigliani.html



sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Gershwin e Summertime





Composição: George Gershwin

Summertime the weather is easy.
Fish are jumping out
And the cotton is high

Your daddy's rich
And your ma is good-looking
So hush, pretty baby
Don't you cry, don't you cry.

One of these mornings
You've got to rise up singing,
Then you're spread your wings
And you'll take to the sky

But until that morning,
That ain't nothing can be and you
Please daddy and mammy
Standing by
Don't you cry, oh baby
Don't you cry



Gershwin, compositor extraordinário que vale a pena recordar...

Celebration


Celebration, um título sugestivo para assinalar um qualquer acontecimento feliz!

A obra de Keith Mallet, artista americano nascido em 1948, retrata "a beleza e força da experiência afro-americana ."

Para mais informações acerca deste artista, veja http://www.littleafrica.com/keithmallett/


Singapura e as orquídeas



Parou em Singapura a minha passagem por terras do Oriente.
Quando visitei este pequeno Estado no Verão de 1988, Singapura passava por uma fase de modernização que os naturais viviam com orgulho.

Esta impressão, observada à entrada no aeroporto, prosseguiu nos dias seguintes. O modelo japonês configurava-se no urbanismo e na tecnologia: arquitectura moderna de linhas arrojadas, grandes arranha-céus e um comércio de produtos de todos os cantos do mundo.
Um deslumbramento de cor e de luz e, uma vez que o nosso hotel se localizava no centro, não houve loja onde não tivesse entrado...

O reverso de tanto progresso e eficiência chegou na manhã do dia aprazado para a visita a Malaca. Então, o guia da agência apresentou-se para levar "cinco visitantes" e não o nosso "grupo de seis" e, por mais explicações que lhe tivéssemos feito, teimou na recusa. E foi assim que, por um erro de agências, ficámos sem ver Malaca, mas ganhámos mais tempo para Singapura.

No Monte Faber desfrutámos de uma vista deslumbrante entre mares e terras... e aí, levada pela imaginação, recuei a Afonso de Albuquerque e aos tempos da pirataria antiga. Um regresso ao passado que continuou depois na Chinatown e nas imagens fantásticas desses animais, onde pontifica o leão.

Andámos de metro que, ao tempo, nos parecia o mais moderno do mundo e observámos a presença de uma elite ocidental trajada segundo o mais puro gosto britânico.
E, por fim, visitámos o National Orchid Garden. Estranhamente esta foi a mais forte e duradoura imagem que guardo de Singapura, tantas são as variedades de orquídeas aí existentes!
Se um dia voltar a Singapura, fica a promessa de revisitar o Orchid Garden e o colorido das suas espécies...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Lisboa no Outono



Para confirmar o "Verão de S. Martinho", o dia de hoje foi muito soalheiro.
Apetecia desfrutar a cidade e admirar a sua beleza e assim aconteceu.

Museu Nacional de Arte Antiga: uma visita guiada por uma monitora simpática e profissional. Gostei de voltar às "obras de referência" daquele que é o nosso maior Museu, não tão grande como outros da Europa...mas é preciso não esquecer o Terramoto de 1755, as Invasões Francesas, os "libertadores ingleses" e a "fuga" da Família Real para o Brasil!

Regressar às Janelas Verdes é recordar outras visitas, outras pessoas, outros "olhares" e outras "experiências".
O princípio da minha relação com o Museu deu-se em 1960, uma visita marcada pela minha professora de História e pela presença sábia e acolhedora do director do Museu, Dr. João Couto que orientou.

Seguiram-se muitas outras visitas e outros guias experimentados. Para sempre guardo na memória o professor Mário Chicó que, pela palavra e pelo gesto, ensinava a olhar e a sentir a obra de arte. Foram aulas inesquecíveis!

Recordo também Madalena Cabral, personalidade emblemática do Museu que, dirigindo o Serviço Educativo, sabia despertar o gosto pela observação das formas e das cores. Distribuindo folhas A4 e marcadores, convidava as crianças a desenhar determinadas peças de que, posteriormente, faziam a descrição. Nunca esquecerei o entusiasmo destes alunos e da sua mentora...

De muitos outros dias no Museu, registo uma segunda-feira fria de Dezembro de 2002? ( o Museu era todo nosso), onde observámos, falámos e escutámos muito...até um sermão do Padre António Vieira na Capela das Albertas...
A Capela encontra-se, presentemente, encerrada ao público. Está na iminência de ruir e por isso, pergunta-se: para quando o restauro?

Não há visita ao Museu sem um olhar sobre o Tejo, porque a vista é sempre deslumbrante. Esta tarde, particularmente amena, um navio (Albatroz) ancorado convidava a partir para além...
De regresso do Museu, tomei o metro para a Baixa onde tive uma agradável surpresa à saída na Baixa-Chiado, na Rua da Vitória: uma lua-cheia por detrás da Rua da Madalena iluminava o céu. Mais uma bela imagem neste fim de tarde em Lisboa!


terça-feira, 11 de novembro de 2008

Amazónia


Imagem da Amazónia: um imenso imenso tapete verde de árvores frondosas que, apesar de todas as queimadas, continua a ser o grande "pulmão" do Mundo...

À vista daquele imenso verde só interrompido pelos meandros dos rios, senti-me insignificante. Cumpria um desejo quando nessa tarde, dos finais de Agosto de 1986, aterrei em Manaus. Era ver, respirar e tocar aquela terra que, desde o tempo de Liceu, enchia o meu imaginário.
Estacionado na pista, o avião mantinha o ar condicionado, mas já tínhamos a sensação característica da temperatura e da humidade da terra...

Fica para outra oportunidade, o registo das impressões da cidade e das suas gentes. E claro, do passeio pelo Rio Negro ao "encontro das águas". Por agora, transcrevo as notas da Wikipédia.


"A Amazônia (português brasileiro) ou Amazónia (português europeu) é uma região na América do Sul, definida pela bacia do rio Amazonas e coberta em grande parte por floresta tropical (também chamada de Floresta Equatorial da Amazônia ou Hiléia Amazônica), a floresta amazônica, a qual possui 60% de sua cobertura em território brasileiro. A bacia hidrográfica da Amazônia tem muitos afluentes importantes tais como o rio Negro, Tapajós e Madeira, sendo que o rio principal é o Amazonas, que passa por outros países antes de adentrar em terras brasileiras. O rio Amazonas nasce na cordilheira dos Andes e estende-se por nove países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. É considerado o rio mais volumoso do mundo.

No Brasil, para efeitos de governo e economia, a Amazônia é delimitada por uma área chamada "Amazônia Legal" definida a partir da criação da SUDAM (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), em 1966.
É chamado também de Amazônia o bioma que, no Brasil, ocupa 49,29% do território, sendo o maior bioma terrestre do país.
Uma área de seis milhões de hectares no centro de sua bacia hidrográfica, incluindo o Parque nacional do Jaú, foi considerada pela UNESCO, em 2000 (com extensão em 2003), Patrimônio da Humanidade."

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Miriam Makeba





"Miriam Makeba (Joanesburgo, 4 de março de 1932 - Castel Volturno, Itália, 9 de novembro de 2008) era uma cantora sul-africana também conhecida como "Mama Afrika" e grande ativista pelos direitos humanos e contra o apartheid na sua terra natal."

Dados biográficos mais completos podem ser consultados na Wikipédia. "Pata Pata" é a interpretação mais popular do reportório da Cantora que viveu, lutando pela liberdade até ontem...quando a morte a levou!

Criança japonesa



Conhecem o Capuchinho Vermelho?
Toda a gente conhece o conto de Pérrault: a menina que, tendo ido visitar a avó, acabou apanhada pelo lobo mau.

Salvas as devidas diferenças, lembrei-me desta "estória" ao ouvir uma notícia ocorrida no Japão. Conta-se em poucas palavras.
Um menino, de 9 anos, conduziu um automóvel e, à distância de 3 quilómetros de casa, foi mandado parar pela polícia. Interrogado, explicou que ia visitar a avó...

Um final feliz para um caso que, talvez, pudesse ter tido graves consequências. Aqui o polícia evitou o encontro com o lobo, evitando o pior.E se tal não tivesse acontecido?
Hipóteses... que ficam para a imaginação de cada um!...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Obama, o presidente


Também quero falar acerca do assunto do momento: a eleição de Obama. Acontecimento histórico que, até ao final de 2007, parecia impensável...
Que razões poderão explicar a preferência por este candidato à presidência dos Estados Unidos? Uma simpatia à escala global, pois não foi Obama calorosamente aplaudido na fria Alemanha?

Vendo, ouvindo e lendo, aponto uma conjunção de factores. Em primeiro lugar, o sentimento de insatisfação relativamente à política da administração Bush. Duas frentes de guerra (Iraque e o problema do Afeganistão, sem fim à vista) criaram uma onda crítica e de indignação que se avolumou quando os efeitos da crise financeira e económica recaíram sobre as famílias.

O desemprego e a incapacidade de cumprir os encargos financeiros atiraram muitos americanos para a rua, trocando o conforto de uma casa (que não podem pagar) por um "alojamento num carro" num qualquer parque de estacionamento. Uma imagem vista na Califórnia e que, nós europeus, julgávamos impossível na "rica América".

Então, a mensagem de Obama assumia um carácter messiânico: o progresso e a esperança. A ideia-chave tornou-se slogan de campanha: We can, a crença na vontade de vencer. Discurso cativante para as classes médias, sectores mais humildes e um número crescente de outros sectores até aí afectos ao partido republicano.

O verbo fácil de Obama dava-lhe a vitória no confronto com McCaine. Este, ainda que reconhecido como grande patriota, contava com dois pontos negativos: a idade e uma inexperiente candidata à vice-presidência. Manifestamente uma parceria negativa, tanto mais grave se viesse a acontecer a incapacidade de Mac Caine. Então, seria a subida de uma mulher à presidência dos Estados-Unidos...uma ideia para a qual os americanos ainda não parecem estar preparados. Enfim, o "achado" da escolha de uma mulher saíu gorado!

Mas esta campanha não foi isenta de dificuldades: a cor da pele do candidato, o nome, a desconfiança relativamente ao seu credo religioso e ainda acusações de relacionamento com elementos próximos de terrorismo...
Quanto mais o ambiente financeiro e social se degradava, mais aliciante e oportuno era o discurso da mudança. E assim, aos poucos, os obstáculos foram sendo ultrapassados. A eleição seria certa ...era o que diziam as sondagens. Ou então, as previsões de nada servem! E entre o teste às sondagens e o receio de algum imprevisto, o triunfo chegou!

Uma campanha eleitoral bem montada rendibilizou recursos financeiros e técnicos, garantindo o voto dos democratas, das minorias e dos jovens. Por fim, a passagem de personalidades influentes do partido republicano.

Uma nota final para a grande evolução deste país que, nascido do movimento liberal, conheceu ainda o sistema esclavagista. Longa e lenta caminhada que vai da libertação dos escravos (1863), à concessão de direitos políticos aos negros (1965) até à eleição de um negro como Presidente da República.

Lincoln, John Kennedy, Martin Luther King e Bob Kennedy: nomes sonantes de uma luta que foi ganha com sangue. Vidas sofridas de leaders e gente anónima que a memória perpetua, daí a expressão daqueles rostos negros, de lágrimas sentidas em noite de vitória....
Oxalá Obama seja feliz e não conheça a morte violenta daqueles seus antecessores!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

À volta do Mundo



Só pela Blogsfera é possível viajar tanto e tão rapidamente.
"Viagem virtual" por diversos países, alguns dos quais já conheço e outros que permanecem como projecto...

Mas a surpresa aconteceu quando num só dia, 2 de Novembro, o Blog fez o pleno dos cinco continentes. Tantos países, começando em Portugal e Brasil e, depois, Canadá, Estados Unidos da América, México, Espanha, França, Itália, Luxemburgo, Alemanha, Marrocos, Malásia, Singapura, Indonésia, China, Japão e Austrália!

Não sei que razões despertaram o interesse desses visitantes, mas uma coisa tenho como certa. Vou continuar por aqui, esperando um dia "viajar mesmo" até esses países. Percorrer lugares que o meu imaginário teima em querer cumprir: a distante Austrália, a misteriosa China, o contraditório Japão e muitos, muitos outros...
É que devo confessar o meu inesgotável gosto por viagens. Conhecer outros espaços e culturas e, se possível, regressar sempre aos lugares onde já estive. Disso falarei qualquer dia.


terça-feira, 4 de novembro de 2008

Japão, condição da mulher


Tudo muda, tudo se transforma, mas há estruturas mais resistentes que outras. As mentalidades entram neste caso, porque os costumes, as maneiras de pensar e as regras sociais não se podem mudar por decreto.

De todo o lado, surgem obstáculos: da família, do meio socio-profissional e cultural. São regras seculares que formam um complexo socio-cultural que, inculcadas ao longo de gerações, resistem a qualquer alteração. Da dicotomia entre a imobilidade e a lenta e gradual alteração configuram-se situações de conflitualidade e até de guerras, as quais podem ser comprovadas pela História e pela observação da realidade presente.

A este respeito achei interessante trazer o depoimento de Wenceslau de Moraes acerca da condição da mulher japonesa. Proponho a sua leitura, onde facilmente se revela a posição do autor.

"No Japão não medra o feminismo, apenas alguma rara dama nipónica excêntrica, educada em em qualquer universidade da América, vem de quando em quando para a imprensa enfastiar-nos com os futuros destinos das suas compatrícias. O japonês, como todo o oriental, mas talvez mais do que os outros orientais, nutre um alto orgulho de si mesmo, considerando seu inferior o ente feminino. Ele é o chefe da família, ele é o dirigente, ele é o rei; a mulher obedece-lhe. Dever ver-se nisto, principalmente, a consequência de uma organização especialíssima da família nipónica, em que a importância do indivíduo é sacrificada à importância da pátria, os sentimentos íntimos sacrificados aos sentimentos cívicos, o bem de um sacrifícado ao bem de todos.

O japonês não reconhece na sua companheira energias de inciativa e lucidez de raciocínio capazes de labutarem a par das suas. A mulher é primeiro que do que tudo um ser docemente fraco, carecendo do amparo varonil em todas as fases da sua existência. Assim é que um dos mais antigos preceitos da moral indígena impõe à mulher obediência a seu pai ou a seu irmão enquanto solteira, a seu marido no estado de casada, e a seu filho mais velho quando viúva. O japonês ama a mulher como ele e nós amamos as crianças, acentuando sempre nas suas relações de convívio um sentimento de protecção e de cariciosa autoridade.

O marido trata a mulher por tu, ela dá ao marido o título de senhor. O japonês ocupa o primeiro lugar em qualquer parte, a esposa o segundo; na rua ele caminha em frente, ela segue-lhe os passos; uma merca que se faça, um volume qualquer embaraçoso, é a mulher que se ocupa dele, deixando ao esposo os movimentos livres. É isto que, à primeira vista, mais surpreende o europeu, quando pousa os olhos na família na família nipónica; mas não vos parece que estas regras exteriores, filhas dos costumes, do hábito, nada podem traduzir com respeito ao grau de afectos entre o marido e a mulher?"

Wenceslau de Moraes, Cartas do Japão, 17 Maio 1905 in A Vida Japonesa

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Congo, de novo a guerra









A guerra é sempre hedionda, particularmente se acontece entre povos de um mesmo Estado.

As crianças e as mulheres acabam por ser as maiores vítimas. Para escapar à fúria das armas, abandonam as suas casas e seguem em filas intermináveis em direcção a um lugar considerado seguro.

Imagens de refugiados que, embora tão repetidas, continuam sempre a chocar. Toda a gente carrega uma trouxa com os seus poucos haveres, pega uma galinha, algumas panelas e bacias. E pouco mais.

Fixei-me ontem nas imagens transmitidas na RTP, especialmente numa mulher e uma criança (decerto seu filho). Ela, de trouxa à cabeça, agarrava uma enxada e o menino ( mais ou menos de 5 ou 6 anos) segurava uma série de pequenos bidons amarelos presos por um cordel. Era tudo o possuíam, não largando um instrumento de trabalho e os recipientes para guardar alguma água... o essencial para não morrer de fome.
E nós, vivendo tão longe, que podemos fazer para minimizar tanto sofrimento?


domingo, 2 de novembro de 2008

A arte do azulejo





















Não resisti a publicar mais dois paineis da Capela das Almas. Revivalismo da arte da azulejaria do século XVIII, de grande mestria. Vale a pena visitar!

Capela das Almas

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O painel de azulejos representa Santa Catarina entre os doutores.
Quando o mundo católico comemora o Dia de Fiéis Defuntos, julgo apropriado lembrar a Capela das Almas (ou de Santa Catarina) no Porto, uma joía da arte da azulejaria portuguesa.


Para saber mais, transcrevo algumas notas

"Os azulejos da Capela das Almas estão assinados pelo pintor Eduardo Leite, que se notabilizou como aquarelista e ceramista, e foram executados pela Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego, em Lisboa. Para se fazer uma pequena idéia da importância desses painéis, basta ter em conta que no conjunto foram usados (pintados e cozidos) 15.947 azulejos que cobrem cerca de 360 metros quadrados de parede.

Na fachada (do lado da Rua de Santa Catarina) merecem realce as cenas das "Almas do Purgatório", as decorações e quadros alusivos à Eucaristia e as composições sobre a vida de Santa Catarina e São Francisco: "São Francisco recebe os estigmas de Cristo" e "Coroação de Santa Catarina".

O painel da parede lateral voltado para a Rua Fernandes Tomás, tem várias cenas da vida de Santa Catarina e de São Francisco de Assis. Dedicados a Santa Catarina, virgem egípcia de sangue real, martirizada no Monte Sinai, os azulejos apresentam as seguintes cenas: "Santa Catarina discute com os sábios de Alexandria" (18 dos quais ela conseguiu converter), "A vitória de Santa Catarina anunciada por um anjo" e "Súplica de Santa Catarina no ato de ser degolada".

In Internet, saber cultural .