segunda-feira, 28 de julho de 2008

Estado-providência


Sou uma defensora do Estado-providência que, desde as suas origens aos nossos dias, tem sofrido críticas ferozes. E o neo-liberalismo quer vingar em absoluto...
Admito a necessidade de estudar estratégias de compromisso entre o privado e o estatal, mas as vertentes sociais criadas na década de 1930 e aperfeiçoadas depois da II Guerra Mundial, não podem morrer. Agora o neo-liberalismo está prestes a ceder aos princípios socializantes.

Corroborando esta ideia, deixo estas palavras de Sarsfield Cabral:
Ao contrário da ideia corrente de que o Estado-providência é coisa do passado, ele irá afirmar-se mais na América.

Outra vez os tempos de crise e a recuperação através do Estado-providência. A América é sempre a América!
Por hoje, nada mais digo. Muitas questões para reflectir, mas isso fica para outra oportunidade.

sábado, 26 de julho de 2008

À volta do Mundo, que horas são?


Pergunte-se a uma criança qual a hora do dia em Portugal e, dada a resposta, questione-se sobre a hora em qualquer outra parte da Terra....

Este pode ser um bom começo para uma lição de Geografia! E, querendo ser mais didáctico, sugere-se uma visita ao Planetário em Belém.
Por agora, fica uma hiperligação para uma consulta rápida, partindo de Lisboa, Zurique ou de Riade... http://24timeszones.com/

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Galiza




Registo de Luar na Lubre, grupo galego com uma vocalista portuguesa. Conheci-a menina, perdi-a de vista e, volvidos anos, reencontrei-a!....

Siracusa, Orecchio di Dionisio


Das cidades e dos lugares guardam-se muitas memórias: os espaços e as suas gentes, novos conhecimentos de História e, mais importante do que isso, os companheiros de viagem.
Hoje recordo com particular saudade a Margarida que, infelizmente já não está entre nós. Partilhei da sua companhia, tal como a de outros amigos, na última visita a Itália. De entre todos, era a mais entusiasta e revejo-a atenta, de guia na mão, procurando cada recanto e pormenor da Roma imperial...

A Itália será sempre o sonho de qualquer viajante. E assim não será de estranhar a determinação posta em cada viagem. Quando pisei terra em Fiumicino, pela primeira vez, fiquei, literalmente, paralisada; sorrindo, ouvia deliciada os bagageiros, falando uma língua que sempre me encantou pela musicalidade.
Era Setembro de 1978 e, por casualidade, pudemos assistir, na Praça de S. Pedro, à entronização de João Paulo I, o "Papa do sorriso". Inesquecível cerimónia religiosa, onde senti verdadeiramente o espírito do ecumenismo cristão!
A par e passo, andámos pelos sítios essenciais da civilização Romana e do Renascimento. No Vaticano vimos "tudo" o que pudemos, concluindo que devíamos repetir, muitas e muitas vezes, este itinerário. E por isso, lançámos, como todo o turista que se preza, uma pequena moeda na Fontana de Trevi...

Para contar tudo em poucas palavras, digamos que passámos duas semanas de comboio, carregando malas, entre Roma, Florença, Nápoles e Catânia. Um sacrifício compensador.

A última etapa entre Nápoles e Catânia, passando o Estreito de Messina no ferry-boat. Perseguíamos a rota da Magna Grécia, visitando apenas Catânia e Siracusa.
Além dos monumentos característicos da pólis grega, cada uma destas cidades possui a sua especificidade. Pela proximidade do Etna, Catânia mantém o seu destino ligado à história deste vulcão, mas a Cidade requer uma visita mais demorada às construções barrocas e neoclássicas. Destaque para o Teatro da Ópera de Bellini, cujo nome assinala o compositor nascido na cidade (1801). Registe-se também o Palácio Manganelli, onde Visconti filmou O Leopardo, de Tomasi di Lampedusa.

De Siracusa deve dizer-se que a sua excelente localização foi a causa de constantes cobiças e disputas. Terra de conflitualidade e guerra, desde os combates entre gregos até ao tempo dos cartagineses... e, mais recentemente, durante a II Guerra Mundial.
Apesar de limitada, a estadia em Siracusa deixou-me saudades. Recordo o Orecchio di Dionisio, uma gruta artificial (65 m de profundidade, 6-11m de largura e 23 de altura) que, durante a época grega, teria sido utilizada como prisão. A lenda atribui a Dionísio a construção da gruta que, possuindo uma excelente acústica, permitia o total controlo dos presos. No entanto, a história parece ser outra. Orecchio foi o nome atribuído, em 1608, por Caravaggio, pela semelhança física. E daí ao tirano Dionísio, nada mais que um pequeno passo...
Resta-me falar do povo siciliano. simples e simpático, mas nada entendendo de Português. Para eles, nós éramos malteses ou italianos do Norte. Confesso, no entanto, que uma amiga minha muito deve ter contribuído para agravar tal confusão. Então, ela falava italiano, talvez não muito perfeito, mas tão depressa e com algumas "graças" que as pobres mulheres não se atreviam a duvidar do seu escorreito linguajar!
Atenção, hoje, não seria nada assim! A Guida frequenta o Instituto Italiano e teve a melhor nota no exame! E será uma excelente guia numa futura viagem a Itália!

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Australia, Great Barrier Reef

















Julgo que toda a gente sonha ou sonhou com grandes viagens. Comigo acontece assim: alguns projectos caíram, uns tantos foram-se cumprindo e outros ainda persistem. Hoje, trouxe um desses destinos que teima em acompanhar-me: a Grande Barreira de Coral na Austrália.

É uma ideia antiga de muitos anos, resultante talvez da proximidade da Nova Zelândia que, naturalmente, também faz parte desse pacote por terras da Oceania. Por agora, fica a imagem e o desejo de fazer, de jeep, essa parte do litoral australiano.
Futuramente hei-de regressar à Austrália para outros sítios imperdíveis: cidades, praias e reservas animais...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Barak Obama


A notoriedade desencadeia curiosidade e leva a um escrutínio rigoroso da pessoa e dos seus antepassados.

Os cultores dessa investigação são de origem diversa e, possivelmente, com intuitos bem definidos. Vem isto a propósito de Barack Obama, candidato à Presidencia dos Estados Unidos e de uma notícia recente, publicada num jornal alemão.
Quem havia de dizer que Barack Obama tem ascendência alemã?


Jornal descobre tataravô alemão de Barack Obama na Alsácia
da Efe, em Berlim
O jornal alemão "Die Zeit" revela na edição desta quinta-feira que o provável candidato do Partido Democrata à Casa Branca, Barack Obama, tem antepassados alemães, e que seu tataravô, Christian Gutknecht, saiu em 1749 da Alsácia, na época território alemão.
Segundo o jornal, Gutknecht partiu da localidade de Bischweiler, então na Alsácia --que hoje faz parte da França-- rumo aos Estados Unidos, onde mudou seu sobrenome para Goodnight e viveu como camponês na Pensilvânia até morrer, em 1795.
Gutknecht e Obama estariam separados por seis gerações, que passaram pelos Estados da Virgínia, Indiana e Kansas. Foi neste último que nasceu a mãe do candidato, Ann Dunham.
O tataravô não seria o único ponto de união com a Alemanha, já que, aparentemente, outros ramos da árvore genealógica de Obama têm origem alemã, localizados em Heilbronn, localidade ao norte de Baden-Württemberg.
Segundo os estudos do americano William Addams Reitwiesner, especialista em genealogia, entre as raízes conhecidas de Obama, a percentagem de antepassados alemães é de 4,68%, atrás dos ingleses (37,3%) e da tribo queniana dos Luo (50%)

Portugal e a História



Quase todos os portugueses reconhecem a imagem do chamado Padrão dos Descobrimentos que, à beira-Tejo, assinala a epopeia da Expansão.
Vale a pena fazer a visita. Pela vista soberba que se desfruta do alto do Monumento e pela lição de História que a ocasião proporciona. De séculos passados salta-se para o Estado Novo que encontrou na História os valores do regime.

Nos nossos dias tem sido fértil a produção historiogáfica em obras de divulgação acerca do passado recente, nomeadamente a segunda metade do século XX.
Muito aplaudida foi a exibição na RTP da série sobre os "tempos da guerra colonial" e a imprensa garante um público fiel ao editar "Os anos de Salazar". Título pouco feliz, mas interessante pela diversidade de acontecimentos e imagens escolhidas, os quais facilitam a caracterização das mentalidades.


Transcrevo a publicidade que o Correio da Manhã faz da obra, lembrando que o leitor não fica dispensado de exercer o direito de uma leitura rigorosa e atenta.

A verdade histórica não é negra nem é branca e não conhece cores políticas. A informação rigorosa também não. É isenta e imparcial, mas fornece todos os tons e todos os factos para que seja você a decidir, a pensar, a ter uma opinião. Os Anos de Salazar, é uma colecção inédita que pode despertar ódios antigos e paixões reprimidas, mas que vai certamente ajudar a compreender a política, a cultura, a economia e a sociedade de um dos períodos mais controversos da nossa história. Só assim, mantendo o passado bem presente, se constrói o futuro. Não perca a partir de 6 de Março, todas as 5ªs feiras com o Correio da Manhã e a revista Sábado.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Steinbeck, impressionista?


Uma manhã inteira não é uma coisa, mas muitas. Muda não só em intensidade de luz, crescente primeiro, para declinar depois, mas em textura, em humor, em tom e em matises, deformada pelos mil pormenores de uma estação, o calor ou ou o frio, a calmaria ou os diversos ventos, diferindo nos cheiros, nas construções feitas pelo gelo ou pela erva, nos rebentos, nas folhas ou nos ramos secos e nus. E como o dia muda, assim mudam também os seus actores: insectos, pássaros, gatos, cães, borboletas e pessoas.


John Steinbeck, O inverno do nosso descontentamento


A leitura deste excerto de Steinbeck levou-me, casualmente, até aos impressionistas...
Que me perdoem os entendidos nestas matérias!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Armas do homem


Um dos erros da Providência foi deixar ao homem unicamente os seus braços e os dentes, como armas de ataque, e as pernas como armas de fuga ou de defesa.

Machado de Assis

Assim retrata Machado de Assis a fragilidade do Homem. Em confronto e luta contra os outros homens ou contra a ameaça das forças da Natureza. Quase sempre um combate entre forças desiguais. Mas por vezes, a astúcia supera o poder das armas...

Astúcia, aqui representada pelo episódio do Cavalo de Troia. E tantos outros registos da História e da lenda haveria para citar!...
E continua o homem, como ser inteligente, sempre a criar mais e mais armamentos, se possível mais poderosos em destruição...
É esta a forma encontrada para sobrepor à fraqueza do corpo a força da inteligência.


sexta-feira, 18 de julho de 2008

O poder do jornalista





O jornalista faz da necessidade de comunicar a sua actividade profissional. Recolhe, redige e edita matérias que a imprensa (ou outros meios) propagam.

Para mim, o jornalista é um combatente que procura vencer pela palavra. A sua força mede-se pela autoridade do seu discurso e pelo prestígio do órgão de informação a que se encontra ligado, seja a imprensa, a rádio, a televisão e até a internet.

Debate-se, muitas vezes, a questão da objectividade do jornalista e a isso respondo que o seu grau de isenção é igual ao de outro qualquer cidadão. Critica-se também o facilitismo do jornalista que "dá ao público" aquilo que ele deseja. Não o nego.

No entanto, em minha opinião existem alguns bons jornalistas em Portugal e é desses que quero falar. Cidadãos empenhados que não desistem de transmitir, com rigor, notícias, eventos e de exercer o seu magistério de influência como comentadores.
Hoje trago o caso de Nicolau Santos, Director-Adjunto do Expresso, autor da página de comentário económico que leio sempre com agrado. Gosto da maneira como analisa, critica e explica, de forma didáctica, as questões e lança pistas e sugestões...
Assim, aconteceu no último sábado e espero que continue.
Por agora, deixo uma página já antiga, mas muito útil para levantar o ânimo!


Nicolau Santos: “Portugal vale a pena”
Publicado em Novembro 3, 2006

“Eu conheço um país que tem uma das mais baixas taxas de mortalidade de recém-nascidos do mundo, melhor que a média da União Europeia.
Eu conheço um país onde tem sede uma empresa que é líder mundial de tecnologia de transformadores.

Mas onde outra é líder mundial na produção de feltros para chapéus. Eu conheço um país que tem uma empresa que inventa jogos para telemóveis e os vende para mais de meia centena de mercados.
E que tem também outra empresa que concebeu um sistema através do qual você pode escolher, pelo seu telemóvel, a sala de cinema onde quer ir, o filme que quer ver e a cadeira onde se quer sentar.

Eu conheço um país que inventou um sistema biométrico de pagamentos nas bombas de gasolina e uma bilha de gás muito leve que já ganhou vários prémios internacionais.

E que tem um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial, onde se fazem operações que não é possível fazer na Alemanha, Inglaterra ou Estados Unidos. Que fez mesmo uma revolução no sistema financeiro e tem as melhores agências bancárias da Europa (três bancos nos cinco primeiros).

Eu conheço um país que está avançadíssimo na investigação da produção de energia através das ondas do mar. E que tem uma empresa que analisa o ADN de plantas e animais e envia os resultados para os clientes de toda a Europa por via informática. Eu conheço um país que tem um conjunto de empresas que desenvolveram sistemas de gestão inovadores de clientes e de stocks, dirigidos a pequenas e médias empresas.

Eu conheço um país que conta com várias empresas a trabalhar para a NASA ou para outros clientes internacionais com o mesmo grau de exigência. Ou que desenvolveu um sistema muito cómodo de passar nas portagens das auto-estradas. Ou que vai lançar um medicamento anti-epiléptico no mercado mundial. Ou que é líder mundial na produção de rolhas de cortiça. Ou que produz um vinho que “bateu” em duas provas vários dos melhores vinhos espanhóis.

E que conta já com um núcleo de várias empresas a trabalhar para a Agência Espacial Europeia. Ou que inventou e desenvolveu o melhor sistema mundial de pagamentos de cartões pré-pagos para telemóveis. E que está a construir ou já construiu um conjunto de projectos hoteleiros de excelente qualidade um pouco por todo o mundo.

O leitor, possivelmente, não reconhece neste País aquele em que vive - Portugal.

Mas é verdade. Tudo o que leu acima foi feito por empresas fundadas por portugueses, desenvolvidas por portugueses, dirigidas por portugueses, com sede em Portugal, que funcionam com técnicos e trabalhadores portugueses.

Chamam-se, por ordem, Efacec, Fepsa, Ydreams, Mobycomp, GALP, SIBS, BPI, BCP, Totta, BES, CGD, Stab Vida, Altitude Software, Primavera Software, Critical Software, Out Systems, WeDo, Brisa, Bial, Grupo Amorim, Quinta do Monte d’Oiro, Activespace Technologies, Deimos Engenharia, Lusospace, Skysoft, Space Services. E, obviamente, Portugal Telecom Inovação. Mas também dos grupos Pestana, Vila Galé, Porto Bay, BES Turismo e Amorim Turismo. E depois há ainda grandes empresas multinacionais instaladas no País, mas dirigidas por portugueses, trabalhando com técnicos portugueses, que há anos e anos obtêm grande sucesso junto das casas mãe, como a Siemens Portugal, Bosch, Vulcano, Alcatel, BP Portugal, McDonalds (que desenvolveu em Portugal um sistema em tempo real que permite saber quantas refeições e de que tipo são vendidas em cada estabelecimento da cadeia norte-americana).

É este o País em que também vivemos.É este o País de sucesso que convive com o País estatisticamente sempre na cauda da Europa, sempre com péssimos índices na educação, e com problemas na saúde, no ambiente, etc.

Mas nós só falamos do País que está mal. Daquele que não acompanhou o progresso. Do que se atrasou em relação à média europeia.

Está na altura de olharmos para o que de muito bom temos feito. De nos orgulharmos disso. De mostrarmos ao mundo os nossos sucessos - e não invariavelmente o que não corre bem, acompanhado por uma fotografia de uma velhinha vestida de preto, puxando pela arreata um burro que, por sua vez, puxa uma carroça cheia de palha. E ao mostrarmos ao mundo os nossos sucessos, não só futebolísticos, colocamo-nos também na situação de levar muitos outros portugueses a tentarem replicar o que de bom se tem feito.

Porque, na verdade, se os maus exemplos são imitados, porque não hão-de os bons serem também seguidos?”

Nicolau Santos, Director

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Conta-me como foi...


Por coincidência, a RTP1 passa, em reprise, a série Conta-me como foi. História leve, mas rigorosa que retrata a saga de uma família de classe média baixa, desde os finais da década de 60 às grandes transformações ocorridas depois do 25 de Abril.
Acompanhar a série é seguir o quotidiano da História recente, uma época de dificuldades que os mais velhos recordam e que os outros devem conhecer...

Partindo da sinopse, pode-se facilmente captar todos os pormenores desta "estória" da História.


Enredo

A acção inicia-se em Março de 1968 e relata a vida de uma família lisboeta, de apelido Lopes, de classe média baixa, oriunda da província, que se debate todos os meses com dificuldades financeiras que, ainda assim, permitem a aventura da compra de uma televisão mas que não deixam senão sonhar com a compra de um pequeno automóvel.
Além do acompanhar das peripécias em que se vê envolvida esta família, a história é também contada pela voz de um narrador que, no presente já adulto, se recorda da infância vivida a partir de 1968, então com 8 anos. A história é contada pela voz adulta mas pelas recordações e olhos de uma criança.
Ao ser contada a história da família, acompanha-se também a evolução social, económica e política de Portugal e do mundo, recorrendo a referências no guião, a arquivos e a reconstituições de conteúdos de rádio e televisão.
Acontecimentos marcantes na vida política, social e desportiva em Portugal e no mundo podem ser aqui descobertos, enquadrados com a trama de cada de episódio. Curiosidades, publicidades, programas de rádio e televisão, locutores e apresentadores e as imagens de Portugal de 1968 a 1976 marcam também presença para serem conhecidos pelos mais jovens e recordados pelos menos novos.
Apresentam-se na história a evolução da moda, da roupa aos cabelos, as inovações tecnológicas, novos produtos, publicações periódicas, carros e motas... as coisas de um tempo em que telemóveis com máquina fotográfica não seriam mais do que simples alucinação futurista e em que os jovens pensavam no Festival da Canção em vez de em coloridas séries juvenis.
"Conta-me como foi" retrata, acima de tudo, o modo de viver e pensar de uma sociedade ainda fechada sobre si, os papéis e as ambições sociais de homem e mulher, de jovens e idosos, os tabus de uma época e a gradual e desconfiada abertura a novas mentalidades.
"Conta-me como foi" tem o objectivo de retratar, em forma de ficção, a vida e o país desde 1968 mas sem espírito saudosista, sem abordagens moralistas, sem juízos de valor, sem tomar partido por nenhum lado da história, sem aspirações documentalistas. Possui a intenção de entreter, com a vontade de mostrar e dar a conhecer o passado, com a certeza de ser uma oportunidade descontraída de recordar, rever e reviver um tempo que faz parte da história pessoal de milhões de portugueses.

[editar] Equipa técnica
Direcção e realização: Fernando Ávila

In Wikipédia

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Salvar a Pátria

Em Portugal a vida parece triste e sombria. As queixas sucedem-se e todos apresentam uma razão que, pessoalmente, nunca assumem como sua. A culpa tem nome de pessoa, de coisa, da natureza e de muitos outras pessoas e coisas...
Hoje, a origem de tanto mal-estar atribui-se à crise de que todos falam. E por isso, toda a gente discute as causas dos problemas, critica comportamentos e aponta soluções. Incluindo-me nesse número de analistas não credenciados, também debito opiniões e lanço dicas...

Os órgãos de informação não se têm poupado a esforços para escalpelizar as causas e implicações desta crise global que, por fatalidade, colheu os portugueses a meio de um percurso de recuperação, feito em caminho esburacado e de solavancos. Escusado será dizer que o pessimismo gera o desânimo e, não raras vezes, a depressão. É assim com o indivíduo e o mesmo acontece com o estado da sociedade.
Por isso, chegou o momento de lutar pela "salvação da pátria". Não pela força das armas, uma vez que o País continua em paz e sem qualquer ameaça de guerra. No entanto, o inimigo existe e convive connosco diariamente. Chega-nos através dos nossos amigos e familiares e, ainda de forma mais sonante, pela televisão e rádio e pelos jornais.
Espera-se um esforço colectivo que, em meu entender, deve passar pela linguagem e pela memória adequadas a este momento crítico. Trata-se de contrapor às notícias tristes um olhar sério e optimista sobre aquilo que o País tem de bom: os sucessos individuais e empresariais...
Sei do empenhamento de alguns jornalistas e até da acção desenvolvida pelos últimos Presidentes da República. Mas o eco dessa comunicação passou despercebido, porque os interesses individuais e partidários continuam a sobrepor-se aos interesses da colectividade!...
Daí a sugestão de um discurso positivo e descomprometido com facções partidárias, uma mensagem capaz de despertar os portugueses para a realidade do que somos capazes a nível das letras, das artes, das ciências e tecnologias. Publicitem-se as grandes personalidades nesses domínios, mas sem esquecer também o povo anónimo e esforçado.
Saudosistas como poucos, os portugueses apreciam a sua História, mas conhecem-na pouco. Acentue-se a "raiz do passado" para a construção de um futuro social e economicamente mais harmonioso. A História-narrativa apresentada em função do momento, quadros de outras crises, de outros tempos difíceis e as soluções encontradas. Faça-se o retrato da memória familiar e da sociedade através de documentação e suportes diversos: fotografias, livros, filmes e documentários...
Em resumo, é altura de convocar a sociedade civil e os órgãos de comunicação para uma campanha de "frente nacional" em luta pela esperança no futuro! E os jornais, as estações de rádio e de televisão sabem como fazê-lo!. ..

Marselhesa





A Marselhesa, uma forma de assinalar o 14 de Julho.
Hino nacional de França que, neste registo, significa a luta pela liberdade durante a II Guerra Mundial.

Finalmente, a lembrança do filme Casablanca na cena ocorrida no Rick`s Bar, onde contracenavam dois grandes actores: Ingrid Bergman e Humphrey Bogart.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Cimeira de Hokkaido



"Bem prega Frei Tomás...." com este ditado poderia começar a notícia acerca da Cimeira do G 8.
Objectivos importantes, mas nada feito se não houver vontade e coragem dos políticos dos "grandes Estados".
No entanto, o que faltou em eficácia nos Acordos, sobrou em gastos de luxo e ostentação. Foi a Cimeira do escândalo como noticiam as agências de informação.
Desse estado de coisas, fica uma nota retirada do Google. E quem quiser pesquisar, pode ainda entrar nos pormenores desse lauto jantar de 24 pratos, dos vinhos e dos cozinheiros requisitados para a confecção...
Mais palavras para quê? ....



Refeição custou 300 euros por cabeça


A polémica instalou-se: na cimeira que reuniu os oito líderes dos países mais industrizados do mundo (G8) para discutirem o tema da fome, foi servido um jantar de luxo.
De acordo com o «Diário de Notícias», reunidos sob o tema dos elevados preços dos alimentos, bem como a sua escassez em vários pontos do Globo, os altos responsáveis não se inibiram de experimentar 24 pratos, incluindo entradas e sobremesas, num jantar que terá custado 300 euros por pessoa.
Entre as especialidades servidas estiveram trufas pretas, caranguejos gigantes, cordeiro assado com cogumelos e caviar.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Timor-Leste


Continuo a pensar que uma afeição perfeita é a que resulta de um processo gradual. Aconteceu assim a minha relação com Timor.

Pouco sabia da Ilha de "sândalo perfumado" e de especiarias finas até ao dia em que conheci um velho padre timorense. Alto e sorridente, o Padre Ximenes frequentava as aulas do curso de História e falava-nos muito da sua terra. Relatos da ocupação japonesa em 1945, da simplicidade do povo e da beleza do pôr do Sol. Então, sob o espectro da guerra colonial, os rapazes da minha geração suspiravam por uma comissão militar em Timor, onde reinava a paz...

Ninguém desconhece os acontecimentos dos últimos trinta anos. De novo, a ocupação, desta vez, pelos indonésios (1975), seguida da opressão e dos anos da resistência que culminaram com o massacre no Cemitério de Santa Cruz. Este despertou a consciência da comunidade internacional, traduzida não só na atribuição do Nobel da Paz a D. Ximenes Belo e Ramos Horta, mas também na decisão do referendo votado pela ONU.

Embora sob pressão dos militares indonésios, os timorenses acorreram maciçamente à votação, refugiando-se, depois na montanha. Em Portugal, todos nós, vivemos intensamente esses difíceis dias dos timorenses. E foi com emoção que içámos panos brancos nas janelas, parámos um minuto pela paz e recebemos, em apoteose, D. Ximenes Belo em Lisboa.

A alegria pela libertação de Xanana Gusmão e pela vitória do "sim" à independência faziam acreditar que era possível a reconciliação e a paz. Puro engano. Os homens continuam a errar e Timor tem a fatalidade de possuir petróleo!

Por isso, o mal estar social e político persistem e os movimentos de contestação surgem. A propósito, transcrevo uma nota da Agência Lusa. Entretanto, já ocorreram graves incidentes no passado dia 8 de Julho, desejamos que não se repitam.

12-06-2008 10:54:38

Estudantes do Timor protestam contra regalias de deputados

Dili, 11 jun (Lusa) - Estudantes universitários se manifestaram nesta quinta-feira, pelo segundo dia, em Dili, capital do Timor Leste, contra a aquisição de 65 carros para o Parlamento, considerada mais uma regalia dos deputados.
A proposta de compra dos veículos para os 65 deputados foi anunciada há uma semana pelo presidente do Parlamento timorense, Fernando La Sama de Araújo.Os carros têm preço unitário de US$ 33 mil, enquanto a maior parte da população do Timor Leste vive com US$ 1 por dia.
Protestos semelhantes já tinham acontecido em 2007, quando os deputados aprovaram sua própria pensão vitalícia.Uma lei de Janeiro de 2007 estabeleceu uma “pensão mensal vitalícia igual a 100% do vencimento desde que [os deputados] tenham exercido o cargo, em efectividade de funções, durante 42 meses, consecutivos ou interpolados”.
Em caso de morte do beneficiário da pensão, o valor integral é transmitido ao cônjuge, aos filhos menores de idade ou aos ascendentes sob responsabilidade do parlamentar.No artigo intitulado "outras regalias", a mesma lei estabelece o “direito a assistência médica dentro, e, sempre que for considerada necessária, fora do país”.
Os deputados têm também "o direito a importar um veículo para uso pessoal, sem pagamento de taxas aduaneiras e outras imposições fiscais sobre as importações”. Podem ainda “importar todo o material necessário para a construção de uma residência privada” nas mesmas condições de isenção fiscal e aduaneira.
Os membros do Parlamento beneficiam de "direito a livre-trânsito e a passaporte diplomático", assim como cônjuges e descendentes.A estes benefícios, somam-se os salários normais dos deputados, que são o triplo do que recebem os funcionários públicos nos escalões médios e superiores do país.
O vencimento-base de um deputado timorense é de US$ 450, mais US$ 300 para gastos com telefone e US$ 450 para despesas de alojamento. Os deputados têm direito ainda a diferentes auxílios para transporte.
O presidente do Parlamento do Timor Leste recebe US$ 1.000 de salário, o vice-presidente US$ 750 e a secretária de mesa US$ 600, além dos extras para telefone e alojamento.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Rumo à Índia


Já a vista pouco e pouco se desterra
Daqueles pátrios montes que ficavam;
Ficava o caro Tejo, e a fresca serra
De Sintra, e nela os olhos se alongavam.
Ficava-nos também na amada terra
O coração, que as mágoas lá deixavam;
E já depois que toda se escondeu,
Não vimos mais enfim que mar e céu.

(”Os Lusíadas”, Luís de Camões)

De regresso de uma viagem muito curta, recordo a partida de Vasco da Gama para a Índia, no dia 8 de Julho de 1497.

No Restelo, o mesmo é dizer em Portugal, ficaram os "velhos" descrentes, enquanto a armada largava ferro. E entretanto, que pensamentos corriam as mentes daqueles expedicionários? De alguns conhecem-se os nomes e os outros? Anónimos, gente do povo, degredados?!..

De forma sublime, Camões soube exprimir o sentimento de tristeza que misturava a saudade da pátria com a angústia pelo desconhecido.
Trocava-se a tranquilidade da vida no Reino pela incerteza de outras paragens. E assim, depois das últimas imagens da "amada terra", nada mais restava "que mar e céu"... Da família e dos amigos, apenas a lembrança!!
Estrofe autobiográfica de Camões que conheceu e experimentou o medo do mar tenebroso e o sofrimento do naufrágio!
Mas, desde então, quantos não fizeram do Restelo o seu ponto de partida? Quantos não rumaram para o desconhecido da carreira da Índia?

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Incêndio na Avenida

Incêndio na Avenida. Claro, Avenida da Liberdade: lugar emblemático de Lisboa, junto à Calçada da Glória, do elevador do mesmo nome.

As imagens que a Televisão passou, em directo, arrepiavam e tiraram-me o sono. Ao menos, salvaram-se as pessoas, mas os moradores e hóspedes das pensões não ganharam para o susto.
O fogo consumiu mais um edifício secular de Lisboa e outro ficou irremediavelmente afectado, perdendo-se bens de valor incálculável. Pode não ser uma fortuna, mas a estima pessoal não tem preço...

Ontem, recordei outros grandes incêndios: Igreja de S. Domingos, Teatro de D. Maria e, em Agosto de 1988, o Chiado. Este último estava, de certeza, na cabeça dos jornalistas e das pessoas que para aí se deslocaram, assistindo impotentes, ao longo combate dos bombeiros.
Conheço relativamente bem aquela zona, subi muitas e muitas o elevador da Glória e gostava de visitar uma loja existente nesse lado da Avenida. Tratava-se da Loja da Louça de Sacavém. Dava-me prazer entrar, ainda que fosse uma fraca compradora. E estava sempre actualizada com as "últimas" da produção dessa Fábrica do final do século XIX que já não existe...

Tantas voltas dá o Mundo. E também a Avenida mudou e continua a mudar. De Passeio Público a Avenida que, depois da República, ficaria para sempre, Avenida da Liberdade.
Mudam os prédios, mudam os proprietários e muitas lojas de marcas estrangeiras já aí estão implantadas. É assim a Avenida de hoje que, em breve, irá contar certamente com um novo prédio no número 23, possivelmente de uma qualquer empresa espanhola...
Não tenho nada contra. É a vida e não há nada a fazer!...

Complexo de Atenas


Não se trata de um complexo arquitectónico ou escultórico. É uma estratégia de compensação para recusar o inegável, no caso a superioridade técnica e material dos americanos.

Na inviabilidade de criar um modelo de estilo de vida capaz de disputar a hegemonia americana, o resto do mundo contesta. Daí geram-se atitudes e comportamentos nacionalistas que, por vezes, desembocam em expressões ou movimentos radicais. Todos sabemos o sofrimento adveniente desses "choques de culturas" que os ideólogos explicam...
Sem esses extremos, mas sempre críticos do estilo de vida americano, os franceses assumindo a sua superioridade na defesa da "liberdade, igualdade e fraternidade", manifestam um comportamento que passou a ser designado "complexo de Atenas". Tal significa a identificação com os "valores atenienses", que os cidadãos da Grécia antiga contrapunham aos dos romanos. Era a velha máxima de que "os vencedores foram dominados culturalmente, acabando por assimilar o legado dos vencidos". Uns têm a força, o poder e a riqueza, os outros o requinte, os valores e a cultura. Para os primeiros, interessa, acima de tudo, o futuro, enquanto os outros prezam a herança do passado.
Esquecendo a velha questão da decadência da Europa, a qual, desde há décadas, faz correr tanta tinta, lembro um discurso do Presidente Bush, afrontando as críticas dos políticos europeus. Referia mesmo a expressão "velha Europa" como receosa ( e fraca, digo eu)... Ora, a isso, apetece dizer bem alto, embora sem desdenhar o pragmatismo americano, toda a veemência da nossa recusa ao "modelo global" preconizado pelos políticos dos E.U.A.!

domingo, 6 de julho de 2008

Faial


Regresso aos Açores. Desta vez, à ilha do Faial, onde reina a beleza e a paz. Dos seus encantos falam os que aí nasceram... e seguem na rota das hortensias!
E muito mais há ainda para ver e pesquisar acerca dos Açores. Experimentem esta busca pela Internet e acreditem que não vão arrepender-se!

sábado, 5 de julho de 2008

Saint Fermin


Começam as festas de Saint Fermin em Pamplona.
Durante mais de uma semana a loucura apodera-se da cidade que recebe turistas de toda a parte do Mundo.
Todas as manhãs, pelas 8 horas, um foguete avisa a largada de touros (encierro). E depois dos corredores cantarem, por três vezes, a protecção do Santo, soltam-se os touros que correm pelas ruas em direcção à praça. Desvario total nessa corrida em que os corredores experimentados se misturam com os novatos.
Das varandas apinhadas ( e pagas a bom preço), todos gritam e incitam os corredores e os touros. Muitas quedas, atropelos e pisadelas e raro é o dia em que não acontece um acidente mais ou menos grave.
Os aficionados conhecem já os habituais moços-corredores que, desde há anos, repetem todos os dias de encierro. Este deve ser rápido e sem feridos... Mas nem sempre é assim. O poder do vinho, da cerveja e outras bebidas dá euforia, mas retira força para fugir!
A alegria da festa reside nas peripécias do "corre, escorrega e cai" desses corredores que provocam o touro com uma palmada ou um puxão de rabo. À volta da festa taurina, muita brincadeira e folia, é assim durante uma semana em Pamplona!...
O Saint Fermin, imortalizado por Hemingway em Fiesta, perdeu já um pouco da tradição. Agora, a maioria dos corredores já não veste de branco, faixa vermelha e lenço, um rolo de jornal ou de cartão, objecto essencial para enxotar o touro! Já o número de particpantes aumentou exponencialmente...
Quem quiser, pode ver o encierro, em directo, na TVE! É uma experiência...

Nota: São Firmino foi o primeiro bispo de Amiens e sofreu o martírio no século IV. Era natural de Pamplona, Espanha, e filho de Firmo. Foi convertido por São Saturnino, e teve como mestre o sacerdote Honesto. Segundo a tradição, São Firmino tornou-se bispo aos 24 anos. A sua pregação alcançou a França, a Aquitânia, a Alvérnia, Agenais, Amiens. Como a sua pregação fosse coroada de numerosas conversões, os governantes tramaram secretamente sua morte. Os factos principais de sua vida estão narrados na fachada da Catedral de Amiens.

Iguaçu


Hotel das Cataratas

Atravessando três países, as Cataratas de Iguaçu constituem uma das grandes maravilhas da Natureza que vale a apena visitar! Ao Brasil coube a parte mais bela e mais extensa...

A opção pelo Hotel das Cataratas foi acertada. Construção grande e antiga, com janelas de guilhotina que, todas as noites, travávamos para impedir o barulho das águas que corriam lá em baixo!
O pouco tempo de descanso passava-se na piscina, onde havia a companhia das emas que bicavam aqui e ali. À noite, um pequeno conjunto paraguaio deliciava-nos com velhas músicas para turista ouvir.

Aí ficámos dois dias. O suficiente para dar um salto à Argentina. Mais um país na lista das viagens, à qual juntámos ainda uma visita ao Paraguai; esta mais demorada. Nesse tempo, os produtos chineses ainda não tinham invadido Portugal e daí a surpresa ao ver bancas e bancas em todas as ruas... Tudo produtos em contra facção!...
Então, os brasileiros atravessavam a ponte, a pé, para aí fazer compras. E havia também excursões do Rio de Janeiro e de outras cidades que demandavam essa pequena vila do Paraguai em busca do paraíso comercial!
Marcante também foi a Barragem de Itaipu, que o guia dizia ser a maior do mundo.
E sem fingidas lamechices, recordo ainda a conversa com uma família portuguesa residente em Nova Iguaçu.


Blog, um vício?









Já não passo sem Internet. E isto causa-me algum sobressalto, porque sempre reagi a modas e comportamentos obsessivos...

Mas a verdade é que não dispenso uma pesquisa rápida no Google e, muitas vezes, perco-me em curiosidades sem um objectivo consistente. E o maior espanto vai para esta "escrita de nadas" que faço no Blog. Como explicar esta atitude, uma vez que sempre odiei a exposição pública?

Uma justificação assente em vários factores. O primeiro, resulta da forma, mais ou menos anónima, deste meio de comunicação. Depois, a desinibição própria da idade. Acreditamos que muitos anos de vida acrescentaram experiência e sabedoria e, a partir daí, acontece uma quase inesgotável soma de assuntos. Falamos de tudo: registos do passado ou da actualidade... sem que nada, nada escape...

E assim, consciente ou inconscientemente, vamos projectando a nossa personalidade nesta espécie de diário. Para aqui carregamos o modo como crescemos e vivemos, deixando também um ou outro registo para "memória futura"!

Um cronista que muito aprecio, escrevia: "...o que desejamos só nos é dado quando, pela memória, o obtemos uma segunda vez. A memória é um desejo de passado e o desejo é uma memória de futuro". E mais não digo!

sexta-feira, 4 de julho de 2008

American life

Homer, Marge, Bart, Lisa e Maggie dispensam apresentações. Mas nunca é de mais falar daquela que é a família mais engraçada e politicamente incorrecta do mundo. Tanto mais que estão de parabéns. A família Simpsons comemorou ontem os seus 20 anos de vida, que é como quem diz de carreira.
Foi no dia 19 de Abril de 1987 que Os Simpsons foram emitidos pela primeira vez na televisão norte-americana, à data inseridos num show de Tracey Ullman. O sucesso foi tanto que dois anos depois ganharam a sua independência e tiveram honras de se estrear com um programa só seu (episódios de trinta minutos), que é hoje o desenho animado com maior longevidade nos EUA, com direito a um lugar no Guinness, o livro de recordes.Criada por Matt Groening e James L. Brooks, a família Simpsons tem sido um caso de sucesso. O seu humor subversivo e as sátiras à classe média e ao modo de vida americano, colocando "o dedo nas feridas", e as suas críticas a outros países, têm granjeado fãs um pouco por todo o mundo. O jeito preguiçoso de Holmer, o pai, o lado de mãe-galinha de Marge, o carácter traquinas de Bart, o primogénito, o ar certinho e responsável de Lisa, a filha do meio, e as primeiras palavras de Maggie têm encantado miúdos e graúdos e tornaram-se, até, numa instituição cultural.

Com honras de presença na calçada da fama de Hollywood, ao lado de estrelas famosas de carne e osso. Caso inédito para quem é um boneco de desenho animado.Chama-se Springfield a cidade onde vive a família Simpsons. Não foi ao acaso a escolha do nome. Springfield é um nome comum nos EUA. Qualquer dos 51 estados tem a sua Springfield. E essa foi a forma encontrado pelos autores para garantir que a crítica feita nos desenhos animados fosse ainda mais abrangente.

Mas, o povo americano não é o único alvo das sátiras de Groening e Brooks. O resto do mundo não lhes escapa. E a polémica, por vezes, acaba por surgir, sobretudo junto dos sectores mais conservadores. Um dos casos que mais tinta fez correr envolveu o Brasil, que num dos episódios foi retratado com macacos andando pelas ruas e muita violência. Os brasileiros não gostaram. No total, desde a estreia, Os Simpsons já contam com perto de 400 episódios e é a série animada com maior número de participações especais. Emitida pelo canal aberto americano FOX, a série já ganhou vários prémios, incluindo 21 Emmys.


Dia 4 de Julho, dia nacional da América, lembrei-me dos Simpsons, a série que já fez 20 anos...
Por hoje, fica a sátira, outro dia hei-de falar a sério do "estilo de vida americano"....


O pão de cada dia



Notícia de hoje, baixa do consumo de pão em 20%.
Seria bom se isto correspondesse a uma alteração dos hábitos alimentares dos portugueses que estão ficando muito gordinhos.
Mas nada disto, apenas mais um sinal dos tempos de crise.
E, por arrastamento, as padarias encerram portas...

Contudo, a crise não é igual para todos. Noticia-se também hoje que o Tribunal de Contas detectou um prejuízo de 75 milhões de euros nas Águas de Portugal, o que não impediu a empresa de gastar 5 milhões em prémios e na renovação da frota-automóvel!...
Pasme-se! Então, os prémios não significam bom desempenho, produtividade e lucros? Dantes era assim, mas já nada é como dantes!..

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Agzikarahan



















O Verão é tempo de viagens!
Muitos lugares já visitei e muitos, muitos outros gostaria de pisar e apreciar...e até de repetir.

Por agora, a imagem alimenta a memória. Agzikarahan, Anatólia, Rota da Seda: fortaleza-observatório da aproximação das caravanas... Nunca esquecerei a emoção da vista do planalto que se prolonga até à linha do horizonte....
Mas o meu horror às alturas quase me levou ao pânico. Como descer aquelas escadas tão altas e estreitas, sem qualquer corrimão? Quem sobe também desce e assim, lá fui, de cócoras, devagarinho e sem mais percalços, senão umas esfoladelas no braço esquerdo. Nada de importante.
Figura caricata a minha, mas que, graças a Deus, ninguém fotografou!

À saída esperavam-nos uns miúdos que vendiam artesanato. Dei uma moeda a um deles, de aspecto muito pobre e de uns lindos olhos pretos. Só me arrependo de não ter comprado as meias de lã que me oferecia, mas fazia muito calor em Julho!




Ingrid Betancourt


















A notícia chegou inesperada: Ingrid Betancourt regressou do "cativeiro", acompanhada por 14 companheiros ( 3 americanos e 11 colombianos). O milagre da libertação resultou de uma "operação militar perfeita", como ela afirmou.
Muitos meses separam estes registos que valem pelo contraste entre dois momentos: a depressão em Outubro e a alegria da liberdade, ontem!

Quase podemos dizer que o rosto calmo de Ingrid, coincidindo com as palavras que proferiu à chegada, significam um "outro milagre", o da força de ânimo. Momentos houve em que a esperança quase a abandonou, mas logo recuperava o sonho de um dia....
O mundo sentiu o drama dos reféns e uniu-se, desde as altas esferas do poder político ao povo anónimo. Os ecos desse movimento chegavam ao interior da floresta da Colômbia. Todos os dias os familiares mais queridos falavam, via rádio, e Ingrid soube encontrar nessas palavras o sentido da esperança... Mas isso só foi possível com a ajuda da comunicação social que nunca desistiu de colaborar... e ontem ela também não esqueceu o agradecimento aos jornalistas!

Ingrid é uma mulher de fé, rezou sempre, confiando na providência divina... Tantas razões para explicar a grandeza da Mulher que, sem azedume, lembrou os outros companheiros que continuam reféns das FARC. É desta qualidade que são feitos os grandes políticos e, tenho quase a certeza, que ela não vai desistir da luta pela liberdade...na Colômbia, no Zimbaué, na Birmânia ou noutro qualquer lugar!
É isso que esperamos da sua coragem, persistência e capacidade de perdoar!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Uncle Sam

Tio Sam é uma personificação nacional dos Estados Unidos da América.
Ele é geralmente representado como um senhor de fisionomia séria com cabelos brancos e barbicha. Há fontes que vêem uma semelhança do rosto de Tio Sam com o do presidente
Andrew Jackson, outras com o do presidente Abraham Lincoln. O Tio Sam é representado vestido com as cores e elementos da bandeira norte-americana - por exemplo, uma cartola com listras vermelhas e brancas e estrelas brancas num fundo azul, e calças vermelhas e azuis listradas.

Do Tio Sam fica a imagem e a explicação do símbolo. Personificação da seriedade que, porventura, associamos à ideia de democracia e direitos humanos. Essa parece ser a mensagem que a grande América transmite ao resto do Planeta!
Pois, hoje, a terra do Tio Sam é notícia pelas piores razões. As câmaras de vigilância de um hospital registaram imagens chocantes, inimagináveis até em países ditos subdesenvolvidos....
Sala de espera, uma mulher cai no chão inanimada. E aí permanece estendida, enquanto alguns seguranças espreitam, observam o quadro e nada fazem. Até um médico teve a mesma reacção. Igualmente, um utente lança uma olhadela e continua sentado, impávido e sereno. E a mulher, paralisada e sem um gesto, continua no chão. Só passada uma hora, alguém aparece para confirmar o óbito!...
Tanta indiferença face ao sofrimento humano chocou a opinião pública dos E.UA. E parece que os responsáveis do Hospital já foram todos demitidos! Ao menos, valha-nos isso!
Sabemos que não se deve generalizar. Daí a indignação dos americanos decentes e solidários. Mas façam qualquer coisa para mudar este estado de coisas! Por que não uma campanha de sensibilização à cidadania e solidariedade?

José Saramago



Nem sempre os amigos coincidem nos gostos e daí que, de vez em quando, parta só à descoberta de um museu ou de uma exposição.

E assim aconteceu ontem: Palácio da Ajuda, "José Saramago - a consistência dos sonhos", uma exposição tecnica e esteticamente bem conseguida. Mostra de um vasto campo documental que, a par e passo, segue o percurso de Saramago, desde a Azinhaga-natal, "terra plana e lisa como a palma da mão", até aos lugares de afirmação e consagração do escritor.

O suporte audio-visual facilita o conhecimento do homem e do escritor. Imagens que sobrepõem a passagem dos dias de Saramago e do passado recente de Portugal...e, naturalmente, também de todos nós! Agradou-me, pois, essa retrospectiva que, sendo já "história", serviu para lembrar coisas, pessoas e lugares...
Devo confessar que, embora não seja uma admiradora incondicional de Saramago, gosto muito de algumas das suas obras. Distingo, de modo particular, o Memorial do Convento (a obra que o tornou conhecido do grande público) que, através de um tema original, deu um sugestivo retrato da época de D. João V...
Servi-me do Memorial para animar as aulas de História, não podendo imaginar como esses trechos foram determinantes para o futuro profissional de uma jovem aluna, hoje brilhante investigadora na área das Ciências Sociais. Influência publicamente assumida, como confessa na introdução da Tese de Doutoramento...

Fechando parentisis, regresso à exposição. Registos do trabalho árduo do escritor, objectos do seu quotidiano, imagens da vida familiar e também momentos de consagração. A grandeza do cerimonial da entrega do Nobel em 1998 e aquela parede-montra de todos os títulos publicados e respectivas traduções!...

Tantos reflexos da obra e do homem, desde a Azinhaga a Lanzarote.
Entre todos, retive um pormenor, uma das suas últimas entrevistas. Falava-se da morte e José Saramago recordava a avó. Mulher simples que, aos 90 anos, afirmava: "O mundo é tão bonito!" E por isso, dizia ter muita pena de morrer!... Interpretando as palavras da velha senhora, explicava que "essa pena" resultava do facto de "não estar" para presenciar o futuro...
Partindo da sabedoria da velha camponesa, fica esclarecido o ciclo da vida que, afinal, parece resumir-se a dois tempos verbais: o presente de estar (enquanto se vive), e o passado do mesmo verbo (quando chega a morte).
Sem dúvida, é por esse gosto de "ver o mundo" (pessoas e coisas) que o homem resiste à doença, agarrando os frágeis fios que o ligam ao presente. É sempre a busca para prolongar horas aos dias de vida... Saramago conhece o segredo! Que viva por muitos anos!