terça-feira, 8 de julho de 2008

Rumo à Índia


Já a vista pouco e pouco se desterra
Daqueles pátrios montes que ficavam;
Ficava o caro Tejo, e a fresca serra
De Sintra, e nela os olhos se alongavam.
Ficava-nos também na amada terra
O coração, que as mágoas lá deixavam;
E já depois que toda se escondeu,
Não vimos mais enfim que mar e céu.

(”Os Lusíadas”, Luís de Camões)

De regresso de uma viagem muito curta, recordo a partida de Vasco da Gama para a Índia, no dia 8 de Julho de 1497.

No Restelo, o mesmo é dizer em Portugal, ficaram os "velhos" descrentes, enquanto a armada largava ferro. E entretanto, que pensamentos corriam as mentes daqueles expedicionários? De alguns conhecem-se os nomes e os outros? Anónimos, gente do povo, degredados?!..

De forma sublime, Camões soube exprimir o sentimento de tristeza que misturava a saudade da pátria com a angústia pelo desconhecido.
Trocava-se a tranquilidade da vida no Reino pela incerteza de outras paragens. E assim, depois das últimas imagens da "amada terra", nada mais restava "que mar e céu"... Da família e dos amigos, apenas a lembrança!!
Estrofe autobiográfica de Camões que conheceu e experimentou o medo do mar tenebroso e o sofrimento do naufrágio!
Mas, desde então, quantos não fizeram do Restelo o seu ponto de partida? Quantos não rumaram para o desconhecido da carreira da Índia?

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